A desembargadora mantém a decisão de bloquear as contas do Cuiabá por suposto “calote” no Mixto

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Foto: Cuiabá Esporte Clube
CAMARA VG

A desembargadora Marilsen Addario manteve a decisão que bloqueou as contas do Cuiabá como forma de restituir os R$18,5 mil que o Auriverde deixou de pagar ao Mixto, proveniente dos R$ 117,3 mil de lucro obtido na partida entre as duas equipes no jogo de estreia do Campeonato  Mato-grossense 2023, na Arena Pantanal. Decisão é da última sexta-feira (24).

O Cuiabá ajuizou agravo de instrumento contra a decisão proferida na ação de cobrança, o qual determinou o arresto nas contas do time no valor de R$18.560, referente à cota parte do Mixto na renda do jogo, cuja liberação somente será avaliada no decorrer do processo.

Além disso, o Cuiabá sustentou que o Tigre ajuizou a ação em 7 de maio deste ano e, no mesmo dia, a Justiça bloqueou várias de suas contas, cujo total alcançou R$ 56 mil, mas que somente três dias depois houve a decisão favorável ao Mixto.

Examinando o caso, a desembargadora lembrou que o Mixto se encontra em situação econômica delicada, com pendências financeiras decorrentes de ações trabalhistas, inclusive em processo de recuperação judicial, o que justifica a necessidade dos recursos cobrados para manter suas atividades.

Marilsen ainda lembrou que não há riscos irreparáveis às contas do Cuiabá que pudessem resultar na concessão do recurso pretendido. E mais, vale lembrar, que os Recursos de Agravo de Instrumento têm tramitado celeremente em todas as Câmaras Cíveis de Direito Privado deste Tribunal, e o aguardo do prazo não ensejará qualquer prejuízo aos recorrentes”, anotou a magistrada, pontuando que a resolução definitiva do caso ocorrerá no julgamento do mérito do recurso.

O caso

O juiz Bussiki bloqueou as contas do Cuiabá no dia 10 de maio, após o Mixto sustentar que, após os descontos das despesas, a renda liquida foi de R$ 37.121,06,  que dividido, caberia a cada equipe o montante de R$18.560,53. Ocorre que nenhum valor foi pago pelo Cuiabá.

Foi investido pelo Mixto marketing em TVs, rádios e redes sociais para fomentar o evento. O movimento foi tão grande que o público foi superior a 7,5 mil pessoas. A renda bruta da partida foi de R$ 117,3 mil. Esse público foi o maior registrado na competição. Superior até aos dois jogos das finais entre Cuiabá e União.

Apesar desta arrecadação, o Cuiabá se dispôs a repassar apenas R$ 18,5 mil ao Mixto. Solicitado a planilha de despesas do jogo, foi verificado gastos particulares do Cuiabá, que colocou como despesas alimentação para os atletas cuiabanistas no vestiário após o jogo, contratação de mascotes – Dourado e Douradinho -, apostas na loteria Timemania, diária do profissional de marketing específico do clube, entre outras despesas que o Mixto entende como exclusivas do Cuiabá.

Segundo o Tigre, o justo seria R$29,7 mil para cada time. Mas apesar das tratativas amigáveis e tentativas de solucionar o problema por parte da diretoria alvinegra, o Cuiabá não cedeu à conciliação, culminando na ação judicial.

Cabe lembrar que o Presidente do Mixto, que também é advogado tentou durante alguns meses um acordo amigável, procurando resolver a situação de forma amistosa e conciliatória, situação que o Cuiabá nunca oportunizou.

“O Mixto tem tentando resolver a situação há quase um ano de forma administrativa e amigável, mas jamais fomos sequer atendidos pelo Cuiabá. Quando tivemos retorno sempre recebemos muita arrogância e indiferença, o que demonstra o interesse claro do Cuiabá em realizar o calote da renda dividida.” Afirmou o presidente Vinícius Falcão à assessoria mixtense.

A ação foi proposta pelo Mixto e tem como advogado o torcedor mixtense, Eduardo Costa e Silva. Examinando o caso, Bussiki deferiu liminar para obrigar o Dourado garantir o pagamento dos R$18,5 mil que não foram pagos. O mérito da ação, ainda não resolvido, vai julgar pedido de pagamento da diferença e danos morais possivelmente causados ao Mixto.

“Com efeito, a probabilidade do direito está caracterizada pela juntada aos autos do acordo de partilha da renda da partida. A planilha de despesa e renda do jogo, que dá conta do valor incontroverso de R$ 18.560,53. Não obstante a controvérsia sobre despesas elencada como sendo particulares do requerido, fato é que nenhum valor foi pago, mesmo passado mais de um ano do evento”, anotou Bussiki, ao conceder o pedido alvinegro.

Outro lado

Em resposta, o Cuiabá publicou uma nota informando que adotou as medidas cabíveis para reverter o bloqueio, além de acusar que o pedido do Mixto foi feito com má-fé e oportunismo. Ainda apontou que o próprio presidente do Mixto recusou receber valores ofertados pelo Dourado. Veja abaixo na íntegra.

O Cuiabá Esporte Clube foi surpreendido, em 08/05/2024, com bloqueios em suas contas bancárias, originadas por uma ação judicial promovida pelo Mixto Esporte Clube.

A cobrança diz respeito ao rateio da bilheteria da partida realizada entre Cuiabá e Mixto, em 25/01/2023, válida pela 1ª rodada do Campeonato Mato-grossense de 2023. Naquela oportunidade, o Cuiabá era mandante de jogo e detentor da totalidade da renda auferida na partida. Contudo, visando agregar valor ao futebol mato-grossense, acordou dividir com o Mixto pela metade o saldo positivo da arrecadação, deduzidas as despesas.

A equipe rival afirmava ter sido a responsável pelo bom público do estádio, não concordando na dedução das despesas que o Cuiabá teve com a divulgação da partida, entre outras. Tal alegação beira a alucinação, já que o Cuiabá há anos figura na elite do futebol brasileiro, disputando a Série A e competições internacionais, com calendário ao longo de toda a temporada e, por consequência, públicos relevantes na Arena Pantanal.

A contestação das despesas pelo representante do Mixto foi deselegante, mal educada e encerrada pelo seu Presidente até com certo tom de chacota, como se vê das entrevistas e comunicados publicados em janeiro de 2023.

Ora, se o seu Presidente publicamente renunciou aos valores que o Cuiabá havia oferecido, não havia porque efetuar qualquer repasse ou pagamento.

Surpreendentemente, o Cuiabá viu o arresto do valor pleiteado pelo rival por meio de ordem judicial que desconhece a renúncia publicamente declarada pelo representante do Mixto.

O Cuiabá informa que já tomou as medidas cabíveis para reverter tal bloqueio, que ocorreu com base em um pedido judicial eivado de má-fé e oportunismo.

Fonte: Informações/ Olhardireto