Após 15 anos de angústia, familiares de vítimas de homicídio gritam por justiça e cobram o júri dos acusados

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Foto: Arquivo
CAMARA VG

Justiça Adiada: Família de Sílvia Letícia Clama por Julgamento Após 15 Anos de Atraso

Quase 15 anos após o brutal assassinato de Sílvia Letícia Reis Gomes Pereira, ocorrido em 9 de abril de 2009, na cidade de Peixoto de Azevedo, os acusados pelo crime ainda não foram levados ao Tribunal do Júri. Frustrado com a demora no andamento do processo, um familiar de Sílvia procurou o Olhar Jurídico neste mês para denunciar a morosidade da Justiça e pedir que os responsáveis sejam finalmente julgados.

Os acusados, Willian Cézar Gomes Pereira, ex-marido de Sílvia, e Luiz Marques Pereira Alves, conhecido como “Meio Kilo”, foram pronunciados em 2022 para serem julgados pelo Tribunal do Júri. No entanto, uma série de recursos apresentados pelas defesas tem retardado o processo, impedindo que os réus sejam punidos.

O recurso mais recente foi movido pela defesa de Meio Kilo contra a sentença de pronúncia, que já recebeu parecer negativo do Ministério Público na última quarta-feira (14). O procurador José Norberto de Medeiros Júnior defendeu que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) mantenha a decisão de levar os acusados a julgamento.

Nesta sexta-feira (30), o Ministério Público solicitou à primeira instância a citação pessoal de Meio Kilo da sentença de pronúncia. Com isso, o juiz terá que analisar o pedido e verificar se o réu foi devidamente intimado, o que pode atrasar ainda mais o processo. Caso seja comprovada a falta de intimação pessoal, o prazo para o recurso será reaberto, dando à defesa mais uma chance de prolongar o caso. “Isso pode ser usado como argumento para anular todo o processo por conta da ausência de intimação, o que seria um grande retrocesso”, lamentou o familiar.

O Crime

Na noite de 9 de abril de 2009, Sílvia Letícia foi assassinada a tiros em frente à sua residência, no Bairro Alvorada. De acordo com a denúncia, Willian Cézar teria encomendado o crime a Luiz Marques, em troca de uma recompensa financeira, visando receber um seguro de vida no valor de R$ 183.000, do qual era um dos beneficiários.

Sílvia, mãe de dois filhos, foi surpreendida pelos disparos enquanto chegava em casa, sem chance de defesa. A investigação revelou trocas de mensagens e ligações entre os acusados na noite do crime, evidenciando um planejamento cuidadoso.

Processo Arrastado

Desde que o Ministério Público formalizou a denúncia, o processo enfrentou uma série de entraves, incluindo atrasos em diligências e perícias, além de manobras jurídicas das defesas, que contribuíram para a lentidão do caso.

A sentença de pronúncia foi emitida em maio de 2022 pelo juiz Evandro Juarez Rodrigues, mas os recursos apresentados pelas defesas têm impedido a realização do julgamento, que ainda não tem data prevista. Somente após a análise do recurso em sentido estrito movido por Meio Kilo é que a Justiça poderá agendar o Tribunal do Júri.

Clamor por Justiça

O familiar que denunciou o caso à imprensa, preservando sua identidade por questões de segurança, descreve como “frustrante” a sensação de impotência diante de um processo que se arrasta por mais de 15 anos. “É muito difícil conviver com essa situação, enquanto eles [os acusados] seguem suas vidas normalmente, casando, tendo filhos, como se nada tivesse acontecido”, desabafou.

Ele também criticou o fato de Willian, mesmo acusado de encomendar a morte da esposa, continuar recebendo pensão por morte do INSS e ocupando um cargo comissionado na prefeitura de Peixoto de Azevedo, com salário de R$ 10.000 mensais. “É uma audácia sem limites”, declarou, indignado com a vida tranquila que o réu leva enquanto a família da vítima ainda luta por justiça.

Esperança no Tribunal do Júri

Apesar da longa espera, a família de Sílvia mantém a esperança de que, no Tribunal do Júri, a justiça finalmente será feita. “O Ministério Público detalhou o crime de forma clara, e o juiz os pronunciou. Não acredito que eles possam ser absolvidos”, afirmou o familiar, que agora se dedica a preservar a memória de Sílvia e garantir que os responsáveis sejam punidos.

Com o processo ainda em andamento, a família de Sílvia Letícia espera que a divulgação do caso na mídia ajude a acelerar o julgamento e trazer algum alívio após anos de sofrimento e incerteza. “Ela era muito querida e conhecida. Quando o júri for marcado, espero que as pessoas se lembrem do ocorrido e que a justiça finalmente seja feita”, concluiu.