Os trabalhadores e empreiteiros são estreantes na “Lista Suja” da escravidão em Mato Grosso

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Foto: Sérgio Carvalho/MTE
CAMARA VG

Mato Grosso tem seis novos empregadores incluídos na “Lista Suja” do trabalho análogo à escravidão

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho, atualizou nesta segunda-feira (07) o Cadastro de Empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão, conhecido como “Lista Suja”. Entre os novos nomes, seis empregadores de Mato Grosso foram incluídos.

Atualmente, o estado conta com 20 empregadores na lista, que inclui fazendeiros, empreiteiros e outros empresários. Em âmbito nacional, 176 novos empregadores foram adicionados, dos quais 20 foram incluídos por práticas de trabalho escravo em âmbito doméstico.

Um dos casos de destaque é o da empresa Guizardi Junior Construtora e Incorporadora LTDA, dos proprietários Marlene Maria Belatto e Miguel Guizardi Junior, que foi flagrada submetendo cinco trabalhadores a condições degradantes em um canteiro de obras em Chapada dos Guimarães.

Outra empresa incluída foi a Madeireira Medianeira, pertencente a Conceição Aparecida Barbieri Dockhorn, Eduardo Dockhorn e Lindalva Berto Dockhorn, após ser constatada a exploração de sete trabalhadores em situação análoga à escravidão na Fazenda Aruanã, localizada no município de Nova Maringá.

Em Cuiabá, a Fazenda Sonho Meu, de propriedade de Manoel dos Santos, foi incluída na lista após três trabalhadores serem encontrados em condições degradantes.

Outros fazendeiros de Mato Grosso que estreiam na “Lista Suja” são:

  • Rainer Dowich, da Fazenda Eldorado, em Itaúba, com cinco trabalhadores;

  • Tomas Andrzejewski, da Fazenda Alto Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, com sete trabalhadores;

  • Welmiston Aparecido Oliveira Borges, do Sítio Vista Alegre, em Cáceres, com um trabalhador.

Panorama nacional

No cenário nacional, as atividades econômicas com maior número de empregadores incluídos na “Lista Suja” são a produção de carvão vegetal (22), sendo 12 em florestas plantadas e 10 em florestas nativas, seguidas pela criação de bovinos (17), extração de minerais (14), e cultivo de café e construção civil, ambos com 11 empregadores cada.

Além das novas inclusões, a atualização também removeu 85 empregadores que completaram os dois anos exigidos de permanência no cadastro.

De acordo com André Roston, coordenador-geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravo e Tráfico de Pessoas do MTE, “a atualização reforça o compromisso do Estado com a transparência e a conscientização da sociedade sobre essa grave violação de direitos humanos no Brasil”.

Sobre a “Lista Suja”

A “Lista Suja” é atualizada semestralmente e tem como objetivo dar transparência às ações fiscais de combate ao trabalho análogo à escravidão. Durante as fiscalizações, são lavrados autos de infração para cada irregularidade trabalhista identificada. Esses documentos demonstram as graves violações de direitos e incluem a caracterização da submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão.

Os empregadores têm o direito à defesa em duas instâncias administrativas antes de serem definitivamente incluídos na lista, garantindo o contraditório e a ampla defesa, conforme previsto na Constituição.

 

 

Da redação com informações do Olhar Direto