Mistério cerca morte de rapper “La Brysa”; polícia investiga envolvimento de facção criminosa
Dez dias após o corpo da rapper Laysa Moraes Ferreira, de 30 anos, conhecida como “La Brysa”, ter sido encontrado no Rio Cuiabá, as circunstâncias de sua morte ainda intrigam as autoridades. A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) segue investigando o caso, que aponta para possível envolvimento de facção criminosa.
Desaparecimento e descoberta do corpo
Natural de Campo Grande (MS), La Brysa era uma figura conhecida no cenário cultural de Mato Grosso, atuando como compositora, poetisa e participante ativa das batalhas de rima locais. Paralelamente, trabalhava em uma rede de fast-food em Cuiabá, onde morava há cerca de oito meses.
Desaparecida desde o dia 3 de janeiro, ela não atendeu ligações de amigos que, preocupados, foram até sua residência no bairro Santa Izabel. A porta do imóvel estava destrancada e os pertences pessoais permaneciam no local, sugerindo que ela saiu sem levar nada.
O corpo de La Brysa foi encontrado seis dias depois, em 9 de janeiro, nas águas do Rio Cuiabá. Estava enrolado em um tapete, com pés e abdômen amarrados e preso a uma lata cheia de concreto. A forma como o corpo foi deixado indica que pode haver relação com ações de facções criminosas, um modus operandi comum em casos do tipo.
Investigação em andamento
O delegado Edson Pick, responsável pelo caso, afirmou que todas as linhas de investigação estão sendo analisadas. Ele já ouviu testemunhas e planeja colher depoimentos dos pais da vítima, que vivem em Mato Grosso do Sul, na próxima semana.
“Vamos ouvir os pais para saber quando foi a última vez que conversaram com ela. Também vou ouvir novamente o amigo que a encontrou, para esclarecer pontos do depoimento dele. Essas são as próximas etapas da investigação”, declarou o delegado em entrevista ao Olhar Direto.
Pick reforçou que, até o momento, não há indícios de crime passional e a principal hipótese é homicídio. “Ainda não definimos a motivação do homicídio. No fechamento do inquérito, as qualificadoras serão estabelecidas”, explicou.
Vida discreta e hipótese de facção criminosa
O delegado destacou o histórico discreto da rapper em Cuiabá, onde morava em uma quitinete há dois meses, após viver com uma família local. “Ela saía de casa para trabalhar no Burger King e voltava. Não era de frequentar baladas ou andar a esmo pelo bairro. É um mistério”, afirmou.
Uma das linhas de investigação é se a morte está relacionada a gestos feitos por La Brysa em redes sociais, que podem ter sido associados a facções criminosas.
“O corpo foi encontrado em condições que sugerem o envolvimento de facção. No entanto, ainda estamos investigando se o objetivo era ocultar o corpo ou outra intenção. É possível que o local onde o corpo foi encontrado não seja o mesmo onde ele foi desovado”, pontuou Pick.
Cenário de mistério
O caso de La Brysa tem mobilizado a atenção local, tanto pela brutalidade do crime quanto pela ausência de respostas concretas. As investigações seguem em andamento, com novas diligências programadas para os próximos dias. Enquanto isso, a morte da artista deixa uma lacuna no cenário cultural de Mato Grosso e levanta questionamentos sobre os perigos e conflitos urbanos na capital.