Olhar Direto
O ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário extraordinário da Copa do Mundo (Secopa) Maurício Guimarães teriam acertado propina de R$ 18 milhões nas compras do material rodante (veículos, trilhos e sistemas operacionais) do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Isso é o que apontam as investigações da Polícia Federal (PF), com base em delações e diligências realizadas. O valor não teria sido ‘honrado’ pelos diretos da empresa CAF Brasil.
Conforme as investigações, a existência de acerto de propina com a empresa CAF Brasil foi revelada no termo de declaração prestado pelo ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf. Sobre as acusações, Silval Barbosa confirmou que, em 2012, pediu para que Maurício Guimarães tratasse sobre retornos que seriam referentes aos veículos, trilhos e sistemas operacionais de execução.
Em uma reunião, ficou definido o pagamento de R$ 18 milhões em propina da CAF Brasil. Porém, Silval nega que o valor acertado tenha sido de 8 milhões de euros, como citado por Nadaf. O acerto foi reforçado em encontro posterior do ex-governador com o presidente da CAF Brasil, Renato de Souza Meireles e o diretor geral da empresa, Agenor Marinho Contente Filho.
Porém, o pagamento demorou a ser feito, o que levou a cobranças por parte de Silval Barbosa e Maurício Guimarães. Várias reuniões com os representantes da empresa foram realizadas em Cuiabá, Brasília e São Paulo para tratar do pagamento dos retornos, que acabou não acontecendo.
Em todas as reuniões, os diretores disseram que estavam buscando meios para realizar o pagamento e que, inclusive, estariam adquirindo precatórios do Estado ou cidade de São Paulo com os quais pagariam a propina. Porém, nenhum valor chegou a ser pago, conforme o depoimento de Silval Barbosa.
Para a PF, tal circunstâncias, no entanto, não afastam a ocorrência dos crimes de corrupção passiva por parte de Silval e Maurício e corrupção ativa do presidente da CAF Brasil, Renato de Souza Meireles, e o diretor geral da empresa, Agenor Marinho Contente Filho, uma vez que o pagamento consiste em mero exaurimento do crime de corrupção.
Documento disponibilizado pelo MPF mostra que “a referida empresa foi beneficiada com o adiantamento de 30% do item 1 do Contrato n°37/2012/SECOPA/MT referente ao material rodante (que inclui os vagões) do VLT, que correspondeu à quantia de R$ 149.399.961,99. Tal operação que foi concretizada mediante antecipação do cronograma inicial, fazendo com o que os vagões fossem entregues bem antes da conclusão das obras (atualmente paralisadas)”.
Operação Descarilho
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em vias de serem retomadas com a proximidade de acordo entre Consórcio e Governo, voltaram às páginas policiais na manhã desta quarta-feira (9), com a operação Descarrilho, deflagrada pela Polícia Federal, na qual são apuradas possíveis irregularidades na escolha do modal para operar na região metropolitana de Cuiabá. Entre os alvos da operação está o ex-secretário da Secopa Maurício Guimarães, conduzido coercitivamente.
A ação apura os crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal VLT e sua execução na Capital de Mato Grosso.
Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em Cuiabá (MT), um em Várzea Grande (MT), um em Belo Horizonte (MG), um no Rio de Janeiro (RJ), um em Petrópolis (RJ), dois em São Paulo (SP) e dois em Curitiba (PR).