Midia News
Nos últimos anos, a Praça da Mandioca foi descoberta pelos jovens, viu seu público aumentar e voltou a ser uma das áreas noturnas mais frequentadas na Capital.
Há alguns meses, porém, um motivo tem causado preocupação aos moradores, comerciantes e frequentadores da região: a insegurança.
A Praça Conde de Azambuja, como é conhecido oficialmente o Largo da Mandioca, tornou-se reduto da noite cuiabana a partir dos anos 60.
Ao longo das décadas, a região enfrentou períodos de sucesso e declínio de público. Em todos esses anos, o lugar nunca havia enfrentado onda de crimes como tem ocorrido nos últimos meses.
O aumento da violência no entorno da praça, localizada no Centro Histórico de Cuiabá, pode ser constatado por meio das medidas tomadas pelos estabelecimentos da região, nos últimos meses.
Os comércios têm recorrido à instalação de amplo circuito de monitoramento interno, implantação de cerca elétrica e contratação de segurança particular. Houve lugar que decidiu fechar uma de suas portas com tijolos, para evitar ser alvo de novos crimes.
Nas últimas semanas, foram registrados na região, ao menos, oito furtos em estabelecimentos, entre eles bares e até em uma clínica odontológica.
Conforme comerciantes da praça, todos os crimes tinham a mesma característica: foram praticados em dias de semana e durante a madrugada, período em que o movimento na região é menor. As suspeitas são de que eles tenham sido praticados por moradores de rua, que vagam pela área.
Os comerciantes e moradores alegam que, apesar de a Primeira Companhia da Polícia Militar estar sediada no Centro Histórico da Capital, na Rua 7 de Setembro (antiga Rua de Baixo), nas proximidades da praça, a insegurança tem dominado o lugar.
Conforme a Associação dos Moradores e Amigos da Praça da Mandioca, a região recebia, em 2016, cerca de 900 a 1,5 mil pessoas nos fins de semana. Neste ano, porém, o número teve redução e a estimativa é de que receba de 700 a mil pessoas, no mesmo período semanal.
Proprietário do Bar do Azambuja, o comerciante Mário César de Carvalho, que cuida do estabelecimento há cerca de 10 anos, comentou que tem vivido dias difíceis, desde o início da onda de criminalidade na região.
“Nesta semana, foi um terrorismo, nem eu nem minha mulher conseguimos dormir, porque houve uma sequência de furtos, quase todos os dias”.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Proprietário do Bar do Azambuja, o comerciante Mário César de Carvalho fechou uma de suas portas, para evitar novas invasões
“Estou com o coração na mão, não sei mais o que fazer. Aqui está uma devastação total, não tem mais segurança”, disse.
Ele contou que foi furtado cinco vezes, desde o início do ano. A última delas foi na semana passada, quando um homem invadiu o bar.
“O bandido arrombou a porta e levou uma televisão de 45 polegadas, que comprei nas Olimpíadas, para os clientes assistirem aqui. Dias depois, tentaram levar outra, de 42 polegadas, mas não conseguiram, porque ela é mais pesada”, explicou.
O comerciante revelou que teve prejuízo de mais de R$ 3 mil, no último furto. “Nas outras vezes, levaram bebidas, grande quantidade de moedas, cigarros, isqueiros e outros itens menores, que eles podem carregar nas mãos”, contou.
Segundo Carvalho, anteriormente, eram raros os registros de crimes praticados na região. Porém, nos últimos meses, a situação tornou-se recorrente.
"Antes, no Centro Histórico, todos os pedintes eram conhecidos e não havia tantos crimes. Agora, há muitos moradores de rua desconhecidos e, todos os dias, os comerciantes dormem sem tranquilidade”, afirmou.
O proprietário do Bar do Azambuja frisou que nenhuma atitude tem sido tomada pela Polícia Militar para resolver o problema. “A gente registra o boletim de ocorrência, mas não fazem nada. Não há nenhuma providência”.
Sequência de furtos
O comerciante Marcos Araújo, proprietário do Bar do Araújo, foi alvo dos criminosos durante duas vezes, na semana passada.
"Eu fui furtado na segunda-feira, na terça-feira ‘visitaram’ o meu vizinho, o Azambuja, na quarta-feira voltaram a invadir o meu bar. Ou seja, furtaram os bares daqui por três dias seguidos. Fizeram um ‘limpa’”, disse.
Ele estimou que tenha tido prejuízo de, ao menos, R$ 6 mil, em virtude dos dois furtos. “Eles entraram pelos fundos, levaram uma televisão de 42 polegadas, que estava grudada na parede, também furtaram um aparelho de som e outros itens”, contou.
Araújo assumiu o bar da família há dois anos e, antes dos furtos da última semana, havia sido alvo de crimes uma vez, há cerca de um ano.
“Está difícil receber turistas no nosso Centro Histórico, que é um ponto turístico de Cuiabá. Aqui temos pousadas, que abrigam pessoas de vários países, mas a região está deixando a desejar”, observou.
Segundo ele, os crimes são os principais motivos para a queda no número de frequentadores da praça. “Isso prejudicou o nosso movimento, pois boa parte do nosso público é de famílias. Além disso, todo crime que acontece na região, seja no Beco do Candeeiro ou em outro lugar, onde estão os viciados, as pessoas pensam que é aqui”.
Outro comerciante que também foi alvo dos crimes recentes na praça é o proprietário do bar Toca da Praça, Guilherme Mendes Pacheco, que teve o estabelecimento furtado na madrugada da última terça-feira (15).
Morador da região desde a infância e comerciante há sete anos, ele comentou que nunca havia sido alvo de nenhum tipo de crime na praça.
“Foi a primeira vez, porque agora, como a praça está mais movimentada, os criminosos estão tendo mais olhos para os bares daqui. O cara que me furtou foi o mesmo que praticou o mesmo crime contra os outros, e fez o mesmo trajeto para furtar todos os bares. Ele sempre comete os crimes em dias que não há movimento, como a terça-feira, quando a rua fica morta e não passa ninguém de madrugada”, explicou.
O suspeito invadiu o bar de Guilherme pelo telhado do local e chegou a quebrar o forro. A estimativa inicial era de que ele tivesse levado R$ 800, porém, o valor calculado posteriormente foi maior.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Comerciante Marcos Araújo colocou grade na parte dos fundos de seu comércio, para evitar novos furtos ou roubos
"Percebemos que faltavam mais coisas no bar, como diversos tipos de isqueiros e o celular de um amigo. Agora, a gente avalia que tenha perdido até R$ 1,5 mil. Também tivemos que arrumar as câmeras, porque ele quebrou a que fica internamente, e consertamos parte do forro, que ele estragou”, revelou.
Os comerciantes que foram alvos dos crimes não conseguiram recuperar os bens. Eles acreditam que não há modo para reaver os itens que foram levados pelos criminosos. “O homem que entrou aqui já deve ter vendido tudo ou trocado por drogas”, comentou Guilherme Pacheco.
Nenhum suspeito de participação nos crimes foi encontrado, até a finalização desta reportagem.
Falta de policiamento
Os comerciantes e moradores da Praça da Mandioca cobram que a área receba mais segurança. Eles pedem que a Prefeitura de Cuiabá e a Polícia Militar intensifiquem a presença de militares em períodos de pouco movimento na região.
O comerciante Mário César de Carvalho sugeriu que seja colocada uma câmera de monitoramento do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) em uma via da Praça da Mandioca.
Segundo ele, a medida é necessária para que todas as ruas da região sejam filmadas. “Estamos chegando aos 300 anos, a Prefeitura fala em melhorias, mas nenhuma providência está sendo tomada nesse sentido”, observou.
"Quero que instalem uma câmera na esquina, para atender às quatro ruas. Há uma base da PM, bem ao lado da praça; então, o Ciosp pode ver possíveis crimes e acionar a delegacia, que está a dois quilômetros daqui”, detalhou.
Para o comerciante Marcos Araújo, uma das alternativas para melhorar a segurança da região seria o aumento de policiamento no período da madrugada, em dias de menos movimento.
“A gente precisa da Polícia Militar também a partir das 3h, principalmente em dias de semana, porque as pessoas cometem esses crimes, normalmente, de segunda a quarta-feira, quando a maioria dos estabelecimentos não abre”.
"Durante o dia, temos uma base da Polícia aqui perto, que passa pela região. Mas eles deveriam fazer essas rondas de madrugada. Esperamos que nosso prefeito tome uma providência, porque o Centro Histórico é um ponto turístico de Cuiabá”, apontou.
Para grande parte dos comerciantes, um dos principais motivos para o aumento da criminalidade na região foi a demolição da Ilha da Banana, que veio abaixo em junho, em razão de decisão judicial, que determinou a destruição do local para dar passagem às obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
“Depois que demoliram lá e os viciados ficaram sem lugar para ir, começou a aparecer muito mais gente assim aqui na região. Além disso, ainda fizeram um abrigo para ‘noiados’, próximo à praça, e isso também aumentou a criminalidade”, justificou Guilherme Mendes Pacheco.
"É importante a polícia reprimir esse tipo de situação, mas acredito que o fundamental seja cortar o mal pela raiz. Deveriam oferecer ajuda social e tratamento a essas pessoas, porque elas, que são viciadas, não vão presas, pelo fato de serem somente usuárias”, completou.
Alternativas de segurança
Enquanto cobram que o Poder Público intensifique a segurança na região, os comerciantes têm adotado medidas para evitar que sejam vítimas de novos crimes. O proprietário do Bar do Azambuja decidiu fechar uma das quatro portas do lugar, em razão das diversas tentativas de arrombamento no local.
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Comerciante Guilherme Mendes Pacheco e a esposa: eles aumentaram o monitoramento interno e colocaram cerca elétrica
“Somente neste ano, já arrebentaram as minhas portas muitas vezes. Tive que fechar uma delas com tijolo, para que ela não seja arrebentada novamente. Mas, ainda assim, os caras entram pelo telhado. Eles fazem o que querem de nós”, relatou Mário César de Carvalho.
Ele também teve que adotar medidas de segurança em outras partes do estabelecimento. “Já tentaram entrar aqui por todas as portas. Eu reforcei uma delas com cadeados. Outra, que já tinha sido arrebentada três vezes, coloquei ferros, agora terei de soldá-la, caso queira abri-la, por isso ela vive fechada”, disse
O comerciante não descartou a possibilidade de fechar as outras duas portas com tijolos e deixar somente uma aberta, para a entrada do público.
“A gente fica criando maneiras para evitar que seja roubado. Mas eu também não posso fechar tudo, porque senão, como vou abrir para atender os clientes? Se eu colocar ferro e grade em tudo, não tenho como atender ninguém”, disse.
Já o comerciante Marcos Araújo colocou grade nos fundos do estabelecimento, por onde os criminosos entraram anteriormente, e implantou cerca elétrica na propriedade, em parceria com uma seguradora localizada na Avenida Mato Grosso, cujo muro é grudado ao bar.
“Depois do roubo, tive que recorrer a essas medidas de segurança. Agora, vamos ver o que vai melhorar. Esperamos que a prefeitura faça alguma coisa também”.
“Todos os dias, vou dormir bem preocupado, após fechar aqui, pensando no que posso encontrar quando voltar, na manhã seguinte”, lamentou.
Guilherme Pacheco também passou a adotar novas medidas de segurança, depois que seu estabelecimento foi mais um dos alvos de furto.
“Pedi para instalar um alarme de sensor, para que sejamos avisados se alguém aparecer. Há ainda a cerca elétrica, que coloquei em conjunto com a seguradora. Mas também espero que a Prefeitura e o Governo nos ajudem nesse assunto”, contou.
Outros comerciantes da praça optaram por contratar seguranças particulares, durante o período em que o estabelecimento está aberto.
“É uma medida para tentar evitar que sejamos roubados. O segurança fica à paisana durante as sextas-feiras”, revelou uma mulher, que possui um empreendimento na praça e pediu para não ser identificada.
Os membros da Associação de Comerciantes da Praça da Mandioca discutem a possibilidade de contratarem segurança particular para vigiar a região durante os dias de menor movimento.
Moradores e frequentadores
Além dos comerciantes, outros alvos da criminalidade na praça são os moradores da região e os frequentadores do local. O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Praça da Mandioca, Luiz Augusto Vieira Silva, lamentou a insegurança da região.
“Essa situação vem ocorrendo com mais intensidade desde que os andarilhos que moravam na Ilha da Banana migraram para a região do Largo do Rosário. Mas, essa insegurança já havia aumentado desde que a praça passou a se tornar point da cidade”, pontuou.
Segundo ele, o policiamento da região é precário e não atende adequadamente ao Centro Histórico. “Acredito que se houver mais interação, não só da base comunitária, como da população de um modo geral, a gente consegue coibir“.
Silva frisou que a situação tem amedrontado as pessoas que frequentam ou moram nas proximidades da Mandioca. “Tem sido um tormento muito grande para a comunidade em geral, porque os índices de roubos cresceram mais de 50% nos últimos meses. Todos estão bastante assustados”.
O presidente da associação cobra que os comerciantes da região colaborem com a segurança da praça. “Eles ajudam quando há um evento maior. Mas por movimentarem um grande número de pessoas, eles têm que, por obrigação, colocar segurança particular e ajudar a coibir esse tipo de coisa”, declarou.
“É importante destacar que tem que haver uma iniciativa maior por parte dos comerciantes, pois não é só lucrar, tem também que ajudar a preservar o Centro Histórico”, completou.
Ele garantiu que o Poder Público possui conhecimento da situação de insegurança que vem sendo enfrentada pela região. “O Ministério Público, a Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá e a Polícia Militar estão cientes disso”, disse.
Conforme Silva, os problemas de insegurança na região são os principais motivos para a queda considerável no número de frequentadores da praça, em comparação ao mesmo período do ano passado. “Esses índices de violência têm colaborado para a queda do movimento”, argumentou.
Entre os frequentadores do local que foram alvos de crimes está um universitário, que pediu para não ser identificado, que teve o vidro do carro quebrado, no início de junho. “Eu estava, junto com meus amigos, procurando uma vaga para estacionar. Um ‘flanelinha’ se aproximou e começou a falar para a gente colocar o carro perto do ponto dele, mas nós fomos procurar outro lugar”, contou.
“Quando deixamos o carro no outro lado, a gente passou por ele, que disse: 'Olha, não era para vocês terem parado lá, porque lá eles quebram o vidro e roubam o carro'”, detalhou.
Horas depois, quando deixou a praça e foi buscar o carro, o universitário relatou que encontrou o automóvel com os vidros quebrados e as duas mochilas, que estavam no veículo, desapareceram.
“Era uma mochila minha e a outra de um amigo, nas quais havia perfume, roupa e até uma câmera fotográfica profissional”.
Segundo o jovem, somente uma das mochilas foi encontrada, a poucos quilômetros do automóvel, porém os objetos não estavam mais dentro dela. “É triste, porque a gente não pode fazer nada e eles podem fazer qualquer coisa contra a gente. É complicada essa situação”, lamentou.
Apesar do furto, ele disse que ainda frequenta a Praça da Mandioca. “Desde então, eu nunca mais fui de carro, para evitar que isso aconteça novamente”.
Assim como o estudante, são comuns as reclamações referentes aos flanelinhas que costumam ficar na região da Praça da Mandioca.
“Eles pedem para cuidar dos carros e muita gente acaba pagando o valor que eles querem, pois temem que seus veículos sejam roubados, caso não deem o dinheiro que eles pedem”, comentou um frequentador, que pediu para não ser identificado.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Conforme Associação de Moradores e Amigos da praça, público reduziu nos últimos meses, em razão da insegurança
Para os comerciantes, os flanelinhas contribuem para a insegurança na Mandioca. “É mais um problema. São pessoas que não têm nada a ver. São 'noiados', que cuidam de carros, que ficam a noite toda azucrinando e apavorando os frequentadores”, salientou o dono de um estabelecimento na região da praça.
Poder Público
Na última quarta-feira (16), o Estado e a Prefeitura discutiram soluções para a segurança na região do Centro Histórico de Cuiabá. No encontro, foi definido que será criado um grupo de trabalho para tratar sobre o assunto.
Na reunião também ficou decidido que a Prefeitura de Cuiabá irá melhorar a iluminação pública no Centro Histórico, fará limpeza e cassará os alvarás de estabelecimentos comerciais que funcionam como casas de prostituição e comércio de entorpecentes na região.
Conforme a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), os trabalhos serão realizados na Praça da Mandioca, no Morro da Luz, no Beco do Candeeiro, em outras regiões do centro e também no bairro Porto.
Por meio de comunicado, a Sesp informou que a PM tem feito policiamento intenso na parte central da Capital, incluindo a Praça da Mandioca.
A pasta ainda destacou que a criminalidade da região teve aumento após a Prefeitura ter remanejado ex-moradores da Ilha da Banana para uma casa nas proximidades da Praça.
“Em razão disso, o problema provocado pela presença dos moradores de rua delinquentes tem aumentado ali, tais como, fazer as necessidades fisiológicas em vias públicas e danos ao patrimônio público e particular. Além de uso, porte, posse e tráfico de entorpecentes, roubos e furtos recorrentes a pessoas, casas, comércios e veículos”, afirmou em nota.
Conforme a secretaria, além da Primeira Companhia da Polícia Militar, veículos de outras áreas e equipes de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) fazem abordagens, rondas e conduções de pessoas presas em flagrantes no Centro Histórico. “Contudo, muitas situações não sustentam em prisões e logo as mesmas pessoas voltam para as ruas”, completou.A Sesp observou que a PM mantém diálogo com os presidentes da Associação de Comerciantes e da Associação de Moradores e Amigos da Praça. “Eles são atuantes, gerenciam as demandas da região e repassam aos órgãos com responsabilidade na resolução dos problemas”, disse.
Por fim, a pasta informou que ficou acertado, durante a reunião, que o secretário de Ordem Pública de Cuiabá, coronel Leovaldo Sales, deverá chamar as secretarias municipais de Saúde e de Assistência Social para participarem de uma ação para oferecer tratamento aos dependentes químicos da região. Em relação aos traficantes, a Sesp informou que os membros serão “combatidos pelas forças policiais”.
“Com isso, espera-se que os comerciantes, moradores ou frequentadores da região sintam-se mais seguros”, relatou a secretaria.