PF aponta que empresa de ex-senador ‘terceirizava’ pagamento de propina para fiscais em nome da BRF

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Foto: BRF/Divulgação
CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

O delegado federal, Maurício Moscardi Grilo, responsável pela quarta fase da ‘Operação Carne Fraca’, deflagrada nesta terça-feira (01), pela Polícia Federal, explicou que a empresa União Avícola, que pertence ao ex-senador Cidinho Santos (PL), teria ‘terceirizado’ o pagamento de propina a auditores fiscais agropecuários em nome da BRF. O fato foi confirmado pela gigante do ramo alimentício, que faz uma colaboração espontânea. Ao Olhar Direto, o ex-parlamentar negou qualquer tipo de pagamento de propina.

“Dentro dos fatos encaminhados pelo grupo, mostra-se que a empresa era intermediadora do pagamento de alguns fiscais. A BRF tinha um convênio com esta empresa, que paga a propina e acertava suas contas com o grupo depois, cobrando estes valores. O proprietário, neste momento, não é investigado. Mas nós queremos saber quem era o responsável”, disse o delegado em entrevista coletiva.

Maurício ainda acrescenta que o fato foi confirmado pela própria BRF, em colaboração espontânea, que baseou a deflagração da quarta fase da operação, denominada de ‘Romano’. A União Avícola, conforme as investigações, seria a que mais fazia este tipo de pagamento em nome da BRF.

Em sua maioria, os pagamentos aos auditores fiscais eram feitos em espécie. Depois, para tentar encobrir o esquema, começou-se a firmar contratos fictícios. Planos de saúde também eram utilizados para beneficiar os infratores.

O delegado afirma que o número de fiscais envolvidos no esquema ainda poderá aumentar. No total, 60 são alvos da operação desta terça-feira, sendo que 39 ainda estão ativos. Por conta do fato, foi pedido o afastamento das suas funções.

Segundo a Polícia Federal, as buscas foram necessárias para confirmar as provas robustas que já existem, com a colaboração da BRF. No total, foram pelo menos R$ 19 milhões pagos em propina para os auditores.

Questionado pela Olhar Direto sobre as acusações, o ex-senador Cidinho Santos afirma não ter conhecimento dos pagamentos de propina que teriam sido realizados por sua empresa. “Este fiscal citado nas investigações nunca trabalhou na nossa unidade. Sem tem alguma coisa da BRF, ela que tem de se entender com a polícia”.

“Somos prestadores de serviço, parte da nossa produção é direcionado para a BRF. Nunca pagamos propina para fiscais, todos no trabalho é com seriedade. Como eu disse, este fiscal citado é da BRF. Vamos procurar entender o que acontece, é tudo novo para nós. Enviamos um advogado ao Paraná para se interar do processo. A empresa está tranquila e irá prestar os devidos esclarecimentos”, finalizou o ex-senador.

Mandados

O escritório e a empresa (União Avícola) do ex-senador Cidinho Santos (PL) foram alvos de busca e apreensão, na manhã desta terça-feira (01), durante a deflagração da quarta fase da ‘Operação Carne Fraca’. A Polícia Federal apura o pagamento de R$ 19 milhões em vantagens indevidas para auditores fiscais agropecuários.

O inquérito tem como foco principal a apuração de crimes de corrupção passiva praticados por auditores fiscais agropecuários federais em diversos estados, em benefício da BRF, grupo empresarial do ramo alimentício, que passou a atuar em colaboração espontânea com as autoridades públicas na investigação.

O grupo empresarial relatou á PF que, ao menos 60 auditores fiscais agropecuários teriam sido favorecidos com as vantagens indevidas. Há indicativos de que foram destinados R$ 19 milhões para os pagamentos indevidos.

Os valores eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e até mesmo por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais.

A empresa do ex-senador, União Avícola, existe há mais de dez anos e emprega 1.300 pessoas.

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