Defesa de professora presa ao defender ‘Lula livre’ contesta laudo e representará contra perito

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Foto: Rogério Florentino Pereira/OD
ALMT TRANSPARENCIA

Fonte: Olhar Direto

A defesa da professora universitária Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira, detida no último domingo (13), durante evento em uma igreja na cidade de Campos de Júlio (a 533 quilômetros de Cuiabá), por se manifestar politicamente a favor do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, informou que deverá representar criminalmente contra o primeiro profissional que realizou o exame de corpo de delito. O advogado Paulo Lemos alega que o exame foi defasado e omisso, pois uma nova análise apontou vários hematomas não identificados inicialmente.

Ao Olhar Direto, a assessoria de imprensa da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Mato Grosso (ADUNEMAT) informou que a professora se manifestou, em seu direito de expressão, a favor da esquerda durante o evento. Porém, como aquele era um ambiente conservador, os presentes ficaram incomodados com a presença dela e pediram sua retirada.  Em protesto contra
à violência, a Adunemat promoverá, hoje (18), às 15h, ato público na Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso para reivindicar que o Estado apure os fatos.

Inicialmente, conforme o advogado Paulo Lemos, a defesa se preocupou com o restabelecimento das condições físicas, morais e psicoemocionais da professora. A Ouvidoria da Polícia Civil também foi acionada para que acompanhasse o caso e prestasse algumas orientações a respeito da realização de novo exame de corpo de delito.

Os policiais que conduziram Lisanil até à Delegacia também serão denunciados na Corregedoria.

Ainda segundo a defesa, a professora não oferecia risco para ninguém e, mesmo assim, teve sua intimidade violentada, pois foi exposta para aos frequentadores da igreja, que ao invés de ajudarem, teriam dado risada da situação.

“Por fim, avaliaremos a responsabilidade da paróquia em si, pelo fatídico evento, que tomou conta do noticiário regional e nacional, requerendo de todos os envolvidos nessa sequência de eventos delinquentes, o ressarcimento dos danos causados contra a honra e dignidade de um ser humano, que não tinha a mínima condição de oferecer resistência ou ter desacatado autoridade, diante de praticamente um batalhão de homens, que quase viraram ela de cabeça para baixo, mesmo estando usando saia”, diz trecho da nota.

“Imaginem se isso tivesse acontecido contra a mãe ou irmã de uma de nós. Qual seria o sentimento? Como ela superará as sequelas desse trauma, depois de toda violência e exposição constrangedora de sua imagem? Quanto custa isso?”, finaliza.

Formada em Administração, pedagogia e geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a professora tem diversas especializações, além de um mestrado realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um doutorado concluído na Universidade Federal Fluminense (UFF).

O caso chamou atenção dos deputados petistas Lúdio Cabral e Valdir Barranco, que usaram a tribuna da Assembléia Legislativa para repudiar a Secretaria de Segurança Pública do Estado pela forma como policiais civis trataram a professora.

Para Barranco, o Estado demonstrou despreparo na forma truculenta como agiu com a professora universitária, que, segundo ele, vem sofrendo com sua exposição nas redes sociais, além de todo o transtorno que passou ao dormir na delegacia.

Já Lúdio Cabral declarou que a professora foi atacada de forma covarde por pessoas intolerantes, apenas por expor seu pensamento político à favor do ex-presidente Lula. O tucano Wilson Santos (PSDB) e João Batista (Pros) também manifestaram repúdio à forma como a professora universitária foi tratada durante sua manifestação.

Em nota, a ADUNEMAT também repudiou a forma como a professora foi tratada, além de expor, que ela após ser detida, foi encaminhada à uma unidade de saúde, onde injetaram tranqüilizantes, que a deixou impossibilitada de prestar depoimento, motivo pelo qual precisou passar uma noite na delegacia.

No vídeo em questão, é possível ver o momento em que a professora está no palco, acenando com os dois braços. Logo em seguida, diversas pessoas chegam e a retiram à força.

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