“O Zaque e o Lesco sempre negaram o fato. Na Justiça militar, abriram o coração e contaram tudo. Não falaram nada de mim, fizeram acusações contra membros do Ministério Público Estadual (MPE). Agora, na Polícia Civil, criaram um outro fato. Cada dia é uma versão”, disse o ex-governador em entrevista ao Olhar Direto.
Além disto, Pedro Taques ainda pontua que o ex-secretário de Estado de Justiça, coronel Airton Siqueira, em seu depoimento, negou a versão apresentada pelos outros coronéis. “Disse que é impossível terem se encontrado comigo”.
“Eu quero depor, tem dois anos que estou pedindo e não me deixam. Estou acompanhando tudo com meus advogados. Quero ter acesso a anexos do inquérito, mas não estão permitindo”, acrescentou Pedro Taques.
Por fim, Pedro Taques pontua que, até agora, tudo o que viu foram palavras dos coronéis, sem nenhuma prova. “A delação premiada é um instrumento muito importante. Eu a defendo. Porém, precisa ser provada. Ninguém pode ser condenado, nem denunciado com base em delação. Se não, seria muito fácil. No meu depoimento, vou mostrar documentos, com ordem cronológica, dizendo que tudo é mentira. Todo mundo tem que ser investigado”.
Versão dos coronéis
A delegada Ana Cristina Feldner, que recentemente voltou às investigações, confirmou ao Olhar Direto que os dois coronéis participaram de uma acareação na última segunda-feira (04). “Eles disseram que a ordem teria partido do então governador Pedro Taques”. Porém, ela fez questão de frisar que esta é a versão apontada pelos envolvidos, não sendo ainda a conclusão do inquérito.
Ana Cristina Feldner classifica como bastante exitosa a acareação feita na segunda-feira. Segundo ela, foi possível elucidar pontos controversos de depoimentos anteriores.
O ex-secretário de Estado de Justiça, coronel Airton Siqueira, foi outro a participar da acareação. Porém, ele preferiu permanecer em silêncio durante o seu depoimento.
Grampos
Reportagem do programa “Fantástico”, da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
Barriga de aluguel
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados