Além de exercer a advocacia de membros do Comando Vermelho, Hingritty Borges Mingotti, alvo da Operação Gravatas, teria um papel crucial para a organização. De acordo com o relatório policial que resultou na ordem de prisão contra Mingotti e mais três juristas, ela auxiliou na recuperação de armamentos, munições e 87 bananas de dinamite.
As informações foram repassadas pela Polícia Judiciária Civil à Justiça, uma vez que uma interceptação no celular de um dos líderes do CV revelou a ligação entre eles e o “braço jurídico”.
Além de captar áudios de detentos presos, com o seu telefone pessoal, e repassar para Roberto Luis de Oliveira, que, por sua vez, repassava para Robson Júnior Jardim dos Santos, conhecido como “sicred”. Mingotti é acusada de obstruir investigações policiais, intermediar mensagens entre criminosos de alto risco e fornecer dados confidenciais em ações em que seus clientes não estavam envolvidos.
Além disso, a PJC informa que ela não se limita a ser uma “magra” para a facção, mas também apura dados sobre drogas que a polícia não encontrou, grava áudios de presos para as lideranças, envia fotografias de mandados de prisão e de ocorrências, e, por fim, auxilia na recuperação de armamentos, munições e dezenas de bananas de dinamite.
Em um diálogo entre os líderes do Comando, identificado como Tiago Telles, surge a necessidade de apreender uma grande quantidade de explosivos que foram alvos de busca e apreensão da polícia, mas não foram localizados devido à retirada dos explosivos.
Hindritty, por sua vez, chamou a atenção dos investigadores. Tiago no diálogo notou que apenas uma pessoa tinha a noção de onde os armamentos se encontravam e que a advogada seria a responsável por intermediar a recuperação do material bélico.
Dessa forma, a Advogada tem um papel crucial no êxito da ação criminosa de retirar armas, munições e dinamites do local. Tiago Telles questiona Paulo Henrique sobre o progresso no resgate de armas, munições e explosivos. Em resposta, o seu braço direito disse que tudo está bem. É importante salientar que a Dra. Hingritty não agiu como uma advogada, mas sim como uma criminosa, ao intermediar a retirada dos objetos em questão.
Durante o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão, os agentes encontraram R$100 mil em espécie na residência da advogada.
Gravatas
A Polícia Civil de Tapurah iniciou a Operação Gravatas, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa, com a participação de advogados e de um policial militar. A Polícia Militar cumpriu, no total, oito mandados de prisão.
Sob a coordenação do jurista Roberto Luis de Oliveira, de Sinop, os advogados Hingritty Borges Mingotti, Jéssica Daiane Morostica e Tallis Lara Evangelista integram, de acordo com as investigações, o “braço jurídico” do grupo, fornecendo serviços que beneficiavam os criminosos em troca de vantagens financeiras.
A Polícia Civil informou que o advogado Roberto Luis de Oliveira, de Sinop, representou 205 clientes no período em questão. Dos 168 indivíduos, 16 eram membros de uma organização criminosa, com envolvimento em tráfico de drogas, roubos e homicídios.
De acordo com a polícia, o grupo criminoso ainda contou com a ajuda de um soldado da Polícia Militar, Leonardo Qualio. A Polícia Civil alega que a sua função era enviar, de forma ilegal, dezenas de boletins de ocorrência para os advogados.