Violência ou inteligência? A luta contra o crime no país

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Segurança Pública: O Desafio de Enfrentar o Crime Sem Repressão Violenta

A crise da segurança pública no Brasil é uma realidade inegável, mas as soluções propostas para combatê-la divergem amplamente. Enquanto algumas medidas simplistas ganham popularidade, especialistas alertam para sua ineficácia e para o risco de aumento da violência.

Entre as soluções amplamente difundidas estão o armamento da população, a pena de morte, a intervenção das Forças Armadas e o combate ao “discurso dos direitos humanos”. Essas propostas partem da premissa de que o enfrentamento direto e violento seria capaz de erradicar o crime. No entanto, segundo especialistas, essa estratégia apenas amplia o ciclo de violência, fortalecendo organizações criminosas e milícias que hoje dominam territórios em todas as regiões do país.

Estudos indicam que a repressão isolada não basta para conter a criminalidade. Em vez disso, é fundamental investir em inteligência policial e em medidas preventivas capazes de asfixiar os principais fluxos que alimentam a atividade criminosa: o financiamento, o tráfico de armas e a comercialização de drogas.

Histórico de Repressão Violenta e Seus Efeitos

Nas últimas décadas, o Brasil tem adotado estratégias baseadas na repressão violenta, com resultados muitas vezes contraproducentes. O avanço das facções criminosas e das milícias, que passaram a controlar territórios inteiros com suas próprias leis e estruturas de arrecadação, demonstra a fragilidade dessas abordagens.

Um episódio emblemático dessa estratégia ocorreu em 2017, quando um tanque de guerra foi posicionado com o canhão voltado para uma das favelas mais populosas do Brasil. A imagem simbolizou a criminalização da pobreza e a fragilidade de uma ação militarizada que, além de ineficaz, expôs os militares ao risco de fracasso. Pouco tempo depois da operação, a criminalidade retomou suas atividades nos mesmos locais.

Além disso, a cultura do enfrentamento tem levado a massacres e chacinas, como os casos do Carandiru (1992) e de Jacarezinho (2021). O Brasil está entre os países com maior índice de letalidade policial do mundo, vitimando principalmente negros e pardos, incluindo crianças atingidas por “balas perdidas”.

O Caminho da Inteligência Policial

Especialistas defendem uma abordagem focada na inteligência e na investigação para desarticular as redes criminosas. O tráfico de armas, por exemplo, depende de rotas logísticas que podem ser identificadas e desmanteladas. O mesmo se aplica ao fluxo financeiro do crime organizado: a lavagem de dinheiro em grande escala deixa rastros que podem ser seguidos até os principais financiadores dessas atividades ilícitas.

Em vez de aumentar o aparato bélico, o investimento deve ser direcionado para o fortalecimento de equipes de investigação, cooperação entre forças de segurança e uso de tecnologia para monitoramento e prevenção do crime. Essa estratégia, segundo especialistas, é o caminho mais eficaz para reduzir a violência e garantir a segurança da população.

Menos força bruta, mais inteligência. Esse é o desafio para uma segurança pública mais eficiente no Brasil.

 

Da Redação com informações do Olhar Direto