inda era noite quando a dona de casa Maria Ferreira dos Santos, de 66 anos, chegou em Rondonópolis para realizar o seu maior sonho: voltar a enxergar. A aposentada deixou o assentamento onde mora, conhecido como Carimã, e viajou cerca de 60 quilômetros em busca de tratamento para a sua visão na 11ª edição da Caravana da Transformação, que começou neste domingo (03.12) na cidade.
Há quase quatro anos, Maria começou a reclamar da vista aos familiares. Nos desabafos, a aposentava relatava dificuldades para realizar as atividades doméstica do dia a dia, como lavar roupas e limpar a casa. Mas foi neste ano que a visão de Maria piorou e a dona de casa passou a ver as pessoas e coisas como “vultos” e ter dificuldades para andar sozinha em casa.
“Minha mãe reclama muito da falta de visão. Para ir ao banheiro, por exemplo, hoje ela precisa ir se apoiando nos móveis e ainda assim com dificuldade. Ela deseja enxergar de novo para voltar a fazer os serviços domésticos que gostava de realizar. Deus vai nos abençoar para que minha mãe consiga realizar este sonho. O que precisar vou fazer para que isto aconteça”, disse a filha da aposentada, Lordes Ferreira dos Santos, de 40 anos, que acompanha a mãe na consulta.
A visão prejudicada de Maria é motivada pela catarata, problema oftalmológico que está afetando 80% da visão da dona de casa e que foi diagnosticado pelos médicos da ação neste primeiro dia de Caravana.
Agora, a aposentada se prepara para operar a vista e realizar o sonho de voltar a enxergar como antes retornando assim às suas tarefas que tanto gostava de fazer. “Tenho esperança de voltar a enxergar porque quero fazer as minhas coisas: cozinhar, lavar e fazer os serviços da casa”, disse Maria.
Outro que também espera receber uma boa notícia é o aposentado Valmor Rodrigues, de 70 anos. O idoso que por muitos anos trabalhou como caminhoneiro aguardava a sua vez para se consultar.
Valmor perdeu a visão do olho esquerdo quando ainda trabalhava na boleia do caminhão. Porém, o medo de sofrer algum acidente nas estradas que percorria motivou o caminhoneiro a abandonar a profissão, da qual lembra com muito orgulho. “Transportava grãos, carnes e outros produtos”, relatou.
Participando da caravana, Valmor deseja recuperar a visão e voltar a guiar o volante de um caminhão, trabalho que executou por mais de três décadas. “Espero voltar à atividade de caminhoneiro, profissão que trabalhei por 38 anos”, destacou.
Maria e Valmor são algumas das 8 mil pessoas que devem passar por consulta e das 6.500 que devem operar os olhos nesta edição da Caravana da Transformação, em Rondonópolis.
“Os pacientes chegam até a caravana pelo município e já estão regulados. Aqui de Rondonópolis existem pacientes que estão há mais de quatro anos na espera pela cirurgia. Todos aqueles que estavam na regulação, identificados com baixa visão e que necessitam deste acolhimento foram devidamente regulados e agendados do dia de hoje até o dia 10. Disponibilizamos vagas os municípios da região e hoje começou o apoio de diagnóstico, consulta e exames, para ter certeza sobre o problema e encaminhá-lo para cirurgia, que é realizada a nível ambulatorial”, explicou a coordenadora de saúde da Caravana da Transformação, Simone Balena.
A 11ª edição da Caravana da Transformação iniciou neste domingo (03.12) com os atendimentos oftalmológicos. O evento, que atenderá a população de Rondonópolis e outros 18 municípios da região Sul, está sendo realizado no estacionamento do Estádio Engenheiro Luthero Lopes até o dia 17 de dezembro com uma estrutura especial para a cidade que é a terceira maior do Estado.
“Devido ao grande contingente populacional, a ação precisou se estender em um período superior ao que vinhamos trabalhando. Então, vamos ficar aqui praticamente 15 dias. Além disso, os serviços e a estrutura também foram ampliados. São mais de 70 serviços oferecidos em um espaço em torno de 13 mil metros, sendo a maior já realizada até hoje”, disse o coordenador-geral e secretário de Estado do Gabinete de Governo, José Arlindo de Oliveira.