Advogado diz que Arcanjo está trabalhando em estacionamento em expediente normal

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CAMARA VG

Alvo da curiosidade da maioria da população de Mato Grosso, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro é hoje um trabalhador comum, que cumpre carga horária de operário – oito horas por dia – e está sempre em casa nos horários determinados pelo Poder Judiciário. A descrição partiu do advogado Zaid Arbid Filho, responsável por sua defesa, ao revelar que o seu cliente trabalha em um estacionamento, em horário comercial.
 
Zaid Arbid trabalha atualmente em vários processos, alguns dos quais representa a cobrança de antigos devedores de Arcanjo Ribeiro. “Ele continua em casa e cumpre rigorosamente o que foi imposto. Ele trabalha durante a semana em horário normal”, pontuou o jurista, nesta segunda-feira (2), após acompanhar depoimento de um cliente no Fórum Desembargador José Vidal, no Centro Político e Administrativo (CPA), em Cuiabá.

O causídico afiançou que João Arcanjo, embora já tenha sido um dos homens mais ricos de Mato Grosso nas décadas de 1990 e 2000, vive uma nova vida, como trabalhador comum. “O trabalho que ele comprovou é uma atividade em empresa própria e ele tem uma atividade que ele auxilia no gerenciamento de um estacionamento em Cuiabá”, observou Zaid Arbid, para a reportagem do Olhar Jurídico.

O advogado de defesa de Arcanjo Ribeiro explicou que o seu cliente não abriu negócios na área de piscicultura, pois apenas estaria retomando atividade já existente. “Ele não abriu piscicultura. Era uma atividade rural que ele já tinha e isso ele está retomando”, justificou Arbid Filho, que nos últimos anos se tornou responsável pelo patrimônio de Arcanjo.
 
Entenda o caso 
 
Condições exigidas para a liberdade condicional, residência fixa e trabalho certo foram requisitos preenchidos por João Arcanjo Ribeiro muito antes de conseguir o alvará de soltura. Ele ganhou a liberdade no último dia 26 de fevereiro, depois de passar uma audiência para a instalação de tornozeleira eletrônica, na 2ª Vara Criminal de Cuiabá.
 
Além de usar tornozeleira eletrônica, Arcanjo é obrigado a permanecer na casa dele, no Bairro Boa Esperança, das 20h às 6h do dia seguinte, comprovar que está trabalhando, atender às intimações judiciais e não mudar de endereço ou deixar os limites de Cuiabá e Várzea Grande, sem a autorização prévia da Justiça.
 
O ex-bicheiro está proibido, ainda, de frequentar locais inapropriados, portar armas ou ingerir bebida alcoólica e deverá comparecer, mensalmente, no Fórum da Comarca da Capital – para comprovar trabalho e passar pela fiscalização da tornozeleira – e no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde deverá se submeter a um tratamento, sob pena de regressão de regime.
 
Com penas que somam a mais de 87 anos, Arcanjo ficou preso por 14 anos e nove meses. Ele é acusado de vários crimes, entre eles homicídio, contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, e foi solto depois de cumprir 1/6 da pena.
 
João Arcanjo Ribeiro acumulou fortuna com a Colibri Loterias, que tinha cassinos e jogos do bicho, além de empréstimo de dinheiro (factorings) e off-shores.
 
O ex-bicheiro foi condenado a 19 anos de prisão, em regime fechado, como mandante do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior, dono do jornal Folha do Estado, em 2002.  Ele teve a prisão decretada e foi preso em 2003, em Montevidéu, no Uruguai, durante a Operação Arca de Noé, que visava desarticular o crime organizado em Mato Grosso.
 
As investigações da Operação Arca de Noé foram comandadas pelo atual governador José Pedro Taques (PSDB) e pelo promotor Mauro Zaque de Jesus, seu atual desafeto.

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