Os detentos Gilmar Reis da Silva, conhecido como “Vovozona”, e Thiago Augusto Falcão de Oliveira, que escaparam do Centro de Reabilitação Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, foram flagrados almoçando em uma churrascaria de Cuiabá após a fuga, junto com dois comparsas e um policial penal. A revelação faz parte das apurações da Operação Shadow, deflagrada pela Polícia Civil na última segunda-feira (14).
De acordo com as investigações, conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e Gerência Estadual de Polinter (Gepol), o plano de fuga contou com apoio de agentes públicos e foi cuidadosamente orquestrado. Documentos do inquérito revelam um esquema que envolveu autorizações irregulares para saídas, troca de veículos, omissão de informações e comunicação tardia da fuga às autoridades.
Saída planejada e troca de veículos
Segundo apuração, no dia da fuga, o detento Thiago e o então diretor da penitenciária, Adão Elias Junior, se encontraram em uma sala sem monitoramento, onde possivelmente foi formalizada a saída dos dois presos. Mesmo com alta periculosidade, “Vovozona” recebeu autorização para deixar a unidade, escondendo-se em uma área destinada a presos que trabalham fora do presídio, até ser conduzido para fora na caminhonete F-250 do sistema prisional, dirigida pelo policial penal Léo Márcio da Silva Santos.
Durante o trajeto, o grupo trocou de veículo para uma Toyota Hilux registrada em nome de Vovozona, sob justificativa de problemas mecânicos na F-250. A Hilux foi buscada em um prédio próximo ao Goiabeiras Shopping, onde os detentos seguiram sozinhos até reencontrar o policial penal na oficina. De lá, todos se dirigiram à churrascaria Nativas Grill, na Avenida Miguel Sutil.
Almoço com comparsas
Na churrascaria, os criminosos se reuniram com duas mulheres que chegaram em uma Mitsubishi Pajero. Ambas fazem parte do grupo investigado e participaram ativamente do plano de fuga. Uma delas chegou a pagar toda a conta. Após o almoço, Vovozona deixou o local com as mulheres. Já Thiago, que saiu no veículo com o policial penal, desceu logo após sair do estacionamento e se reuniu com o trio, concretizando a fuga.
Comunicação tardia e tentativa de encobrir fuga
Ainda no mesmo dia, o policial penal retornou à oficina, transferiu itens comprados para o presídio da Hilux para a F-250, e só então comunicou informalmente a direção da unidade sobre a fuga. A conversa ocorreu em local reservado e durou cerca de 40 minutos. Somente depois disso, boletins de ocorrência foram registrados, mas com versões inconsistentes e sem menção à churrascaria.
Segundo a Polícia Civil, caso os fatos tivessem sido relatados corretamente e em tempo hábil, seria possível acionar as forças de segurança para interceptar os fugitivos e capturar os envolvidos.
Operação Shadow
Deflagrada no dia 14 de abril de 2025, a Operação Shadow cumpriu 35 ordens judiciais contra envolvidos na fuga dos detentos, incluindo dois policiais penais. Eles são investigados por facilitação de fuga e participação em organização criminosa. O caso revela o uso da estrutura pública e da confiança institucional para beneficiar membros de facções criminosas.
FONTE – RESUMO