Mãe de preso condenado por terrorismo em MT diz que filho sofre preconceito e é agredido por causa de sua religião

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Foto: Reprodução
ALMT

Olhar Direto

Zaine El Kadri, mãe do suposto terrorista Leonid El Kadri, de 33 anos, que foi preso no município de Comodoro (a 634 km de Cuiabá), no dia 24 de julho de 2016, busca Justiça para seu filho. Detido na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), Leonid sofre preconceito por sua religião e já chegou a ser agredido e torturado, contou a mãe.

Leonid é acusado de participar de um grupo que planejava promover atos terroristas nos Jogos Olímpicos Rio 2016. A mãe de Leonid atua como advogada do filho, mas contratou mais dois advogados para ajudá-la no caso. Ela conta que desde o início do ano o filho vem sofrendo agressões no presídio.

“Já no início do ano os agentes prisionais rasparam a barba e o cabelo dele, e eles não poderiam fazer isso, nenhum juiz autorizou, mas eles sabem da religião do Leonid, que ele é muçulmano, então fizeram para agredir”, disse a mãe.

A mãe afirmou que em uma das agressões, o filho chegou a perder os sentidos e teve uma costela trincada.

“Em março ele foi agredido e torturado por quatro agentes no pátio do presídio. Por causa das agressões ele perdeu os sentidos e teve uma costela trincada. Depois que fizeram isso com ele colocaram ele em isolamento. Graças a Deus ele teve uma melhora e já recuperou alguns dos sentidos, mas ainda não voltou a enxergar”, contou.

Câmeras de segurança do presídio registraram a agressão feita pelos agentes. Zaine solicitou as gravações à Justiça e aguarda resposta. Nesta sexta-feira (28), será realizada audiência sobre o caso de agressão sofrida por Leonid.

A mãe teme que o destino de Leonid seja igual ao de seu outro filho, Valdir Pereira da Rocha, morto no dia 14 de outubro de 2016, na Cadeia Pública de Várzea Grande, também preso acusado de fazer parte do grupo terrorista.

“O Leonid é inteligente, é calmo, sabe falar bem. Mas eles querem fazer parecer que ele é violento, perigoso. Querem que ele acabe como o Valdir”, disse a mãe.

A sentença de Leonid saiu no dia 24 de abril. A princípio a pena seria de 35 anos, mas foi reduzida para 15. O Ministério Público entrou com um pedido de aumento de pena para o acusado, mas os advogados contrarrazoaram o pedido.

Os advogados de Leonid também fizeram uma apelação pedindo absolvição, alegando falta de provas contra seu cliente. Neste momento, a mãe também aguarda resposta sobre um pedido de Habeas Corpus para que o filho responda em liberdade ou a transferência dele para a Penitenciária Doutor Augusto Cesar Salgado, localizada no município de Tremembé, em São Paulo.

Organização terrorista

A operação, deflagrada pela Polícia Federal no dia 21 de julho de 2016, investigava a integração/promoção, por indivíduos brasileiros, na organização terrorista Estado Islâmico (EI). Empregando medidas como quebra de sigilo telefônico e de dados, autorizadas pelo Juízo da 14ª Vara Federal de Curitiba/PR, a Polícia Federal constatou uma tentativa de organização do grupo para promoção de atos terroristas durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.

 O contato entre os indivíduos dava-se essencialmente por meio de redes sociais, Telegram e demais modos de comunicação virtual, espaço no qual também divulgavam ideais extremistas e de perseguição religiosa, racial e de gênero, para a comunicação.

Os suspeitos foram identificados como: Alisson Luan de Oliveira, Antonio Andrade dos Santos Junior (Antonio Ahmed Andrade), Daniel Freitas Baltazar (Caio Pereira), Hortencio Yoshitake (Teo Yoshi), Israel Pedra Mesquita, Leandro França de Oliveira, Leonid El Kadri de Melo (Abu Khalled), Levi Ribeiro Fernandes de Jesus (Muhammad Ali Huraia), Marco Mario Duarte (Zaid Duarte), Matheus Barbosa e Silva (Ismail Abdul-Jabbar Al-Brazili), Mohamad Mounir Zakaria (Zakaria Mounir), Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (Ali Lundi), Valdir Pereira da Rocha (Valdir Mahmoud) e Vitor Barbosa Magalhães (Vitor Abdullah). El Kadri e Pereira da Rocha já haviam sido condenados por homicídio.

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