Mendes confirma encontro com Silval e o chama de “bandido”

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Foto:Alair Ribeiro/MidiaNews
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Midia News

O ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB) confirmou ter participado de uma reunião com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o então candidato Pedro Taques, na eleição de 2014, em sua casa, na Capital.

O encontro foi relatado por Silval em colaboração premiada, firmada com a Procuradoria Geral da República e homologada no último dia 9 pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também relatou que Mendes teria pedido R$ 20 milhões para campanha tucana e que, em troca, Taques não investigaria os problemas de sua gestão.

Em entrevista à rádio Capital FM, na manhã desta quarta-feira (30), Mauro Mendes disse que a reunião o ocorreu dois meses antes do início do processo eleitoral e ressaltou que o encontro foi “republicano”.

“Posso falar bem claramente de uma reunião que houve na minha casa bem antes do pleito eleitoral, na qual estivemos eu, o senador Blairo, o senador Pedro Taques e o então governador. Eu, como prefeito da Capital, já recebi muitas autoridades na minha casa, mesmo antes de ser prefeito”, disse.

“Então, o recebi, sim. Foi uma conversa extremamente republicana, em que falamos de política. Falamos de cenários, de possibilidades, da possível candidatura naquele momento do senador Pedro Taques. Falamos de Mato Grosso. Foi uma conversa de aproximadamente uma hora. Falamos de muitas coisas e poderia ter sido transmitida pela internet, que não teria problema”, afirmou.

Entretanto, Mendes preferiu não confirmar se pediu ou não dinheiro a Silval Barbosa. Mas ressaltou que não foi coordenador financeiro da campanha de Taques e que pedir contribuição “não é crime”.

“Eu não posso falar por coisas que não fiz. Eu não tenho que desmentir ou confirmar. Primeiro porque não fiz nada ilegal ou imoral. Porque se pedi ou não uma ajuda para campanha do governador, pedir ajuda não é ilegal”, disse.

“Eu nunca fui coordenador financeiro da campanha, era um membro político que estava participando da campanha ativamente, mas com nenhuma responsabilidade de coordenação financeira. E, tudo que fiz, posso em juízo prestar esclarecimentos. Não vou entrar agora na seara de confirmar ou não, porque isso tem que ser provado pelos atores principais dessa história”, afirmou.

 

“Bandido”

Mendes defendeu que os fatos citados pelo ex-governador sejam apurados pela Justiça, mas ressaltou que o peemedebista não pode “virar mocinho” porque fez a delação.

“Temos que reconhecer que o ex-governador Silval cometeu dezenas e dezenas de crimes, são muitos, e fazer delação agora não o torna um mocinho”, disse.

“Não podemos condenar antecipadamente ninguém. É óbvio que existem aí fatos que serão difíceis de serem explicados por alguns desses agentes. Mas não é porque o Silval Barbosa, que cometeu dezenas de crimes, cita um nome, que essa pessoa vai virar bandido. Temos que ver que quem está acusando hoje é um bandido. Espero que ele esteja falando a verdade da grande maioria dos fatos”, afirmou.

 

Vídeo de Emanuel

O ex-prefeito ainda comentou o vídeo em que seu sucessor, o atual prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), aparece pegando maços de dinheiro no gabinete do ex-assessor de Silval, Silvio Araújo.

Segundo ele, o vídeo de Emanuel é “terrível” e traz prejuízos não só ao peemedebista, como também à administração da Capital.

“Sem dúvida, as imagens são muito fortes, muito marcantes, terríveis, porque ninguém gostaria que isso estivesse acontecendo. No caso do prefeito, traz um prejuízo grande para ele e para a administração e para todos nós, porque a partir do momento que o administrador público está envolvido em algum tipo de confusão, tira o foco, perde-se muito tempo administrando essas crises e falta para focar no trabalho”, disse.

“Então, lamento que isso esteja acontecendo, mas fatos são fatos. As imagens foram veiculadas dezenas de vezes nas mídias e todos os telejornais. Isso denigre a imagem do nosso Estado, da cidade. O que espero é que essas pessoas possam se defender, mas que possam responder por aquilo que fizeram ou não”, completou.

 

Entenda o caso

A delação premiada do ex-governador Silval Barbosa relatou ao menos quatro encontros do peemedebista com o governador Pedro Taques durante a campanha eleitoral de 2014.

Segundo ele, o núcleo duro da campanha de Taques teria pedido a ele R$ 20 milhões, sendo que em contrapartida, vencendo as eleições, o tucano não iria vasculhar as contas das gestões anteriores.

Apesar de dizer não ter dado nenhum valor ao grupo, Silval afirmou ter cumprido outro pedido: o de não investir altos valores na campanha de Lúdio Cabral, a quem apoiava oficialmente.

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