Juiz mantém prisão de empresário acusado de liderar golpe contra idosos em Cuiabá
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra decidiu manter a prisão de Fernando Silva Cruz, empresário de Cuiabá acusado de liderar uma organização criminosa responsável por aplicar golpes contra idosos. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (4), também mantém a prisão de outros dois envolvidos, Gelson Tamborim e Jéssica Tamborim. Estima-se que o prejuízo causado às vítimas ultrapasse R$ 1 milhão.
Fernando, dono de uma loja de copos, junto com os outros seis membros da quadrilha, se passava por funcionário do Governo Federal, usando o programa Ser Antenado como fachada para o golpe. De acordo com a Polícia Civil, o grupo comprava antenas e receptores de sinais, que alegavam ser parte do programa para beneficiar pessoas carentes. Durante esse processo, tinham acesso aos documentos pessoais das vítimas.
Com essas informações, o grupo contratava empréstimos consignados e manipulava os pagamentos de benefícios previdenciários dos idosos, que só notavam o golpe meses depois, com os descontos sendo implementados diretamente na folha do INSS.
A investigação revelou que os suspeitos usaram o dinheiro obtido com os golpes para adquirir bens de alto valor, como um Jeep Commander, imóveis e joias. Eles também eram conhecidos por ostentar um estilo de vida luxuoso. O veículo de luxo foi apreendido durante a Operação Antenados, que ocorreu em agosto deste ano.
A operação, coordenada pela Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá, resultou no cumprimento de 29 ordens judiciais, incluindo 7 mandados de prisão preventiva e 10 de busca e apreensão domiciliar. Ao todo, 30 vítimas foram identificadas em Cuiabá, todas idosas.
Além disso, a operação também cumpriu 12 mandados de sequestro judicial de bens, valores e direitos, focando no grupo criminoso que operava em Mato Grosso e na cidade de Sorocaba (SP). Foram bloqueadas contas bancárias de 32 pessoas físicas e jurídicas, além de ações de afastamento de sigilo telemático.
A defesa de Fernando Silva Cruz alegou que a Justiça Estadual seria incompetente para julgar o caso, mas o juiz rejeitou o argumento, destacando as provas que ligam o réu à empresa fornecedora dos dispositivos fraudulentos, a OC TECH Distribuidora. O magistrado também ressaltou a gravidade dos crimes, que justifica a manutenção da prisão preventiva para proteger a ordem pública.
Jéssica Tamborim, acusada de movimentar e lavar o dinheiro ilícito junto com seu irmão, solicitou a conversão de sua prisão para domiciliar, alegando ser responsável pelos cuidados de uma filha menor. No entanto, o juiz considerou que ela não comprovou ser indispensável para o cuidado da criança. Já Gelson Tamborim, apesar de apresentar antecedentes favoráveis, teve sua prisão mantida devido ao risco de reiteração criminosa e à gravidade dos delitos.