Depois de declarar que os vereadores eleitos com o apoio do CV, o bolsonarista afirma que nunca se comprometeu a “dar nomes”

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Vereador de Cuiabá se defende após polêmica sobre denúncia de apoio do Comando Vermelho a parlamentares eleitos

O vereador Rafael Ranalli (PL) alegou ter sido mal interpretado ao afirmar que denunciaria à Polícia Federal supostos vereadores eleitos com apoio do Comando Vermelho nas eleições municipais de 2024, em Cuiabá. A declaração inicial foi feita em entrevista à TV Vila Real, no dia 15 de outubro, quando Ranalli afirmou que, nos bastidores da campanha, era sabido quem teria sido eleito com apoio da facção criminosa e quem contou com recursos do “sistema tradicional“.

Durante a entrevista, ele mencionou que “cerca de 4 ou 5” parlamentares teriam recebido apoio direto do Comando Vermelho, seja por financiamento de campanha ou por represálias à população. “Tinha casos de obrigarem as pessoas a colocarem adesivos de campanha, com ameaças como: ‘se tirar vai apanhar, se não votar vai apanhar, se não for à reunião vai apanhar’”, disse.

Promessa de denúncia

Em 8 de novembro, Ranalli prometeu formalizar a denúncia no primeiro dia de seu mandato como vereador. “A denúncia eu vou fazer no dia que eu tomar posse. Eu quero fazer isso como vereador. Tem até alguns vereadores aí que são iguais a vermífugo: quando você ameaça tomar, o verme já começa a se mexer. Quem vai investigar e levantar provas é a polícia“, afirmou na ocasião.

Recuo e críticas à imprensa

Nesta terça-feira (7), antes da primeira sessão extraordinária na Câmara Municipal, Ranalli foi questionado sobre a promessa de revelar nomes dos supostos vereadores envolvidos. O parlamentar alegou não se lembrar de ter feito tal afirmação e criticou a imprensa. “Eu acho que tem que recordar. Eu nunca falei que ia entregar nome. Se eu falei, eu não me recordo. A imprensa tem que parar de colocar palavras na boca dos outros. Eu sou formado em Direito, ninguém aqui é débil mental”, rebateu.

Ranalli ainda destacou que já prestou depoimento à polícia e reforçou que não é responsável por comprovar as denúncias feitas por terceiros. “Eu vou levar a cabo as denúncias que recebi. Não sou prova da denúncia, quem tem que investigar é a polícia. Já fui à Polícia Federal e à polícia civil, já dei meu depoimento. Isso está gerando até ações do governo estadual com tolerância zero contra facções.

Medidas contra facções

O vereador sugeriu a criação de mecanismos dentro da Câmara Municipal para conter a influência do crime organizado na política, incluindo a possibilidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar questões de segurança. “Precisamos barrar a entrada do criminoso organizado na política, ou não teremos mais disputas justas para os cargos eletivos”, afirmou.

Ranalli também alertou sobre o risco do aumento da influência de facções criminosas. “As organizações criminosas estão investindo na política. Já tivemos casos de vereadores envolvidos com facções em Mato Grosso e em outras partes do Brasil. O que precisamos é nos blindar contra isso.

O vereador concluiu defendendo um debate mais amplo sobre o tema e destacou que o foco não deveria ser apenas em declarações pontuais, mas em estratégias para garantir a integridade do processo eleitoral e das instituições políticas.

 

 

Da redação com informações do Olhar Direto