“São inocentes”: a argumentação da defesa da bombeira que tirou a vida de uma adolescente grávida sustenta que a ação foi realizada de forma isolada

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Defesa de bombeira acusada de matar adolescente grávida nega envolvimento de terceiros no crime

A defesa da bombeira militar Nataly Helen, acusada de assassinar a adolescente grávida Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, para roubar o bebê que ela carregava, nega qualquer participação de terceiros na execução do crime. Segundo os advogados Ícaro Vione e André Luis Fort, não há dúvidas quanto à inocência de outras pessoas envolvidas no caso.

“Não existe nenhuma dúvida razoável da participação deles”, afirmaram os defensores ao site Olhar Jurídico. “Para que alguém responda a um processo penal, é necessário que existam indícios suficientes de autoria e materialidade. No caso dos familiares, não há absolutamente nenhum elemento que comprove essas suspeitas. Pelo contrário, há provas que reforçam a inocência deles.”

A declaração ocorre após a repercussão do caso e a prisão temporária do chef de cozinha Christian Albino Cebalho de Arruda, de 28 anos, ex-marido de Nataly. Ele chegou a ser detido sob suspeita de envolvimento, mas foi liberado após o Ministério Público Estadual (MPMT) descartar participação material no homicídio. Apesar disso, Christian ainda é investigado. Outros familiares da acusada, como o irmão, cunhado e parentes próximos, também foram descartados da apuração.

Em entrevista exclusiva à TV Centro América, Christian se disse em choque com a brutalidade do crime e afirmou que jamais imaginaria tal comportamento vindo de Nataly. “Convivi com ela por anos. Era amorosa, brincalhona. Não me aparentava ser uma assassina, uma monstra. Era uma pessoa boa para todo mundo. Não entendo por que ela fez isso. Me pergunto: o que passa na cabeça dela?”, desabafou.

O ex-marido relatou ainda que, apesar de acreditar na gestação de Nataly, tinha dúvidas sobre a paternidade. “Eu vi a barriga mexer, vi ela passar mal como qualquer grávida. A desconfiança que eu tinha era de que a filha não era minha. Eu ia fazer um exame de DNA”, afirmou.

Christian também explicou por que chegou a postar uma foto da recém-nascida nas redes sociais no mesmo dia em que o crime foi descoberto. Segundo ele, Nataly havia enviado a imagem e, confiando na veracidade da gravidez, não suspeitou de nada.

A defesa da bombeira sustenta que há registros de câmeras de segurança e testemunhos que comprovam onde cada um dos familiares estava no momento do crime. “As provas retiram qualquer participação de terceiros”, reforçaram os advogados.

O crime

Nataly Helen está presa preventivamente desde o dia 12 de março, em Cuiabá. Segundo as investigações, ela atraiu Emelly até sua casa, no bairro Jardim Florianópolis, sob o falso pretexto de doar roupas para o bebê da jovem, que estava no nono mês de gestação. No local, Emelly foi imobilizada e asfixiada. Ainda com sinais vitais, ela teve o bebê retirado por meio de uma cesariana improvisada. A criança sobreviveu.

Após o crime, Nataly enterrou o corpo da adolescente no quintal da residência e foi até um hospital, apresentando-se como mãe da recém-nascida.

A Polícia Civil apurou que Nataly, mãe de três meninos e que havia feito laqueadura, desenvolveu uma obsessão por ter uma filha. Ela teria recorrido a grupos de doações para encontrar gestantes que esperavam meninas. A investigação identificou falsificação de exames, tentativas de apagar vestígios do crime e uso do celular da vítima para enganar familiares.

O Ministério Público denunciou Nataly por feminicídio, ocultação de cadáver e outros crimes, alegando premeditação e dolo. Para o promotor Rinaldo Segundo, a motivação estaria relacionada ao desejo da acusada de se apropriar do bebê, com desprezo pela vida e condição de mulher da vítima.

A Justiça já aceitou a denúncia e negou liminarmente o pedido de inimputabilidade. O caso segue em tramitação na 14ª Vara Criminal de Cuiabá.

 

 

Da Redação com informações do Olhar Direto