Traficante preso em MT movimentou mais de R$ 1,2 bilhão e “comprou” políticos e servidores públicos

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Foto: Reprodução/O Globo
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Olhar Direto

 

Preso no início do mês na cidade de Sorriso (480 km de Cuiabá), o traficante Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, reuniu, ao longo de 20 anos, uma fortuna avaliada em pelo menos US$ 100 milhões (cerca de R$ 325 milhões), tendo movimentado uma cifra superior a R$ 1,2 bilhão. De acordo com a Polícia Federal, além de políticos no Brasil e Paraguai, ele Teria comprado, com gordas propinas, servidores públicos em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, além de supostamente pagar pelo apoio de funcionários dos portos de Santos e Itajaí, por onde escoava sua mercadoria.

De acordo com O Globo, publicação na qual os montantes foram divulgados, os valores que transformam Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, bandidos classificados como barões das drogas no continente, como criminosos "pés-de-chinelo". Não há ninguém do nível de Cabeça Branca sendo procurado pela Polícia Federal no momento.

Em depoimento ele já havia confessado que a cocaína que vendia era produzida na Bolívia e que mandava seus comparsas esconderem a droga em fazendas de Mato Grosso. Posteriormente, a droga seguia para depósitos em Cotia e Embu das Artes, na Grande São Paulo. O criminoso, conhecido como Cabeça Branca, também disse os US$ 3,4 milhões, encontrados em uma de suas casas, seriam usados caso ele fosse preso, para o sustento da família e arcar com custos de advogado.

Foto: Reprodução/O Globo

Na primeira fase de identificação da rede ligada ao traficante, a Justiça Federal autorizou o confisco de quatro apartamentos em endereços nobres no Paraná e São Paulo; três casas em condomínios localizados nos dois estados, uma fazenda em Ponta Porã e um terreno. Também foram alvos de sequestro uma frota de veículos, como carros de luxo e caminhões usados no transporte da droga. Em dois deles, os agentes localizaram cerca de 1,3 tonelada de cocaína escondida em fundos falsos. Os motoristas foram presos.

Em dois endereços, em imóveis usados pelo traficante, os policiais encontraram uma fortuna: cerca de US$ 4,45 milhões (em torno de R$ 13 milhões) em espécie. Em Osasco, escondidos num closet luxuoso, havia US$ 3,45 milhões guardados em malas; e no bairro do Butantã, em São Paulo, dentro de sacolas de papelão, foi localizado mais US$ 1 milhão. Também foram recolhidos relógios da marca Rolex, garrafas de vinhos caros (com um exemplar de Petrus, cujo preço pode chegar a mais de R$ 27 mil), joias e bolsas de grife famosas. Essa parte do material ainda não foi avaliada.

Durante a ação, a Polícia Federal também prendeu Wilson Roncarati, apontado como o braço direito de Cabeça Branca. Roncarati foi detido num apartamento em um prédio na Rua Professor Francisco Moratto, no bairro do Butantã, em São Paulo. A PF não descarta outras medidas para a continuidade das investigações. Por ser considerado um fantasma, a operação foi batizada de Spectrum.

A PF acredita que Cabeça Branca rejuvenesceu à custa de pelo menos três cirurgias plásticas e implantes de cabelo. Usando documentos falsos, incluindo um passaporte, Cabeça Branca se apresentava como pecuarista e usava dois nomes: Luiz Henrique Guimarães, nascido em Varginha, Minas Gerais, em 17 de novembro de 1962; e Vitor Luis de Moraes, nascido no dia 7 de janeiro de 1962, em Tocos de Moji, também em Minas.

Levada para prestar depoimento sua esposa, que também viva na residência mato-grossense, jurou que havia casado com Vitor Luís de Moraes, de 55 anos, nascido em Tocos de Moji, Minas Gerais, no dia 7 de janeiro de 1962. Um homem três anos mais jovem que Luiz Carlos da Rocha, seu verdadeiro nome, nascido no ano de 1959 em Uraí, cidade de 13 mil habitantes, próxima a Londrina, no Paraná. Um pecuarista que cursou dois anos de Administração, na Faculdade Paranaense (Faccar), em Rolândia, no Paraná, e que pretendia voltar à universidade para estudar Direito.

Foram tantas identidades falsas, operações plásticas e implantes de cabelos que os policiais federais ficaram na dúvida quando chegaram até Vitor Luís. Monitorado em grampos e vigiado nos deslocamentos, foi difícil confirmar que Vitor e Luiz Carlos eram a mesma pessoa. Foi necessário um trabalho detalhado de peritos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. Depois de estudarem o caso, usando todas as imagens disponíveis, os peritos Paulo Max Reis e Frank Favero elaboraram um laudo de 23 páginas, concluindo que trata-se da mesma pessoa.

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