STF nega soltura de coronel da PM acusado de grampos em MT

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Midia News

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o habeas corpus que pedia a soltura do ex-comandante-geral da Polícia Militar no Estado, coronel Zaqueu Barbosa.

A decisão, em caráter liminar (provisório), na última sexta-feira (25) e publicada nesta segunda (28). A íntegra da decisão ainda não foi publicada.

Zaqueu está preso desde o dia 23 de maio, no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), em Cuiabá, acusado de envolvimento em esquema de escutas clandestinas operado em Mato Grosso.

De acordo com as investigações, o sistema funcionaria por meio da tática de “barriga de aluguel”, quando números de pessoas que não têm qualquer relação com investigações policiais são inseridos de maneira disfarçada – sob outras identificações – em pedidos de quebra de sigilos telefônicos.

Além dio STF, Zaqueu já teve a soltura negada pelo ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo desembargador Paulo da Cunha, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT).

No habeas corpus, a defesa do coronel alegou que o caso em questão não permitiria a prisão preventiva, uma vez que o crime atribuído a Zaqueu (interceptação ilegal) tem pena máxima de quatro anos de reclusão.

A defesa sustentou que não foram indicadas provas de que Zaqueu, em liberdade, poderia voltar a cometer os crimes dos quais é suspeito, ameaçar testemunhas ou destruir provas.

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Coronel PM Zaqueu Barbosa

O coronel Zaqueu Barbosa, que continua preso no Bope

Outro argumento contido no pedido é o de que houve ofensa ao “princípio do juiz natural”, pois a ação penal ingressada contra o coronel foi distribuída ao desembargador Orlando Perri, em virtude do anterior conhecimento por ele de notícia crime da OAB/MT, “sem observar as regras de sorteio eletrônico e aleatório”.

 

Acusações

Além de Zaqueu, são réus da ação penal o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Lesco; seu ex-adjunto na Pasta, coronel Ronelson Barros;  o coronel Januário Batista; e o cabo Gérson Correa Júnior.

De acordo com a denúncia do chefe do MPE, procurador Mauro Curvo, o coronel Zaqueu era o líder da organização criminosa e criou um Núcleo de Inteligência da Polícia Militar para operar as interceptações clandestinas, por meio da barriga de aluguel.

Na organização, conforme o MPE, o coronel Evandro Lesco tinha a incumbência de garantir a estruturação do núcleo, através do coronel Ronelson Barros.

Já os cabos Gérson Corrêa e Euclides Torezan tinham a missão de “garantir a elaboração de projeto que assegurasse a viabilidade técnica de funcionamento dos equipamentos que seriam empregados nas escutas ilegais”.

Apesar de o Núcleo de Inteligência ter sido criado com o alegado objetivo de investigar policiais militares envolvidos na prática de crimes, o MPE afirmou que tal núcleo também foi usado para interferir na eleição majoritária.

Entre as personalidades grampeadas, conforme as investigações, estavam a deputada Janaina Riva (PMDB); o jornalista José Marcondes “Muvuca”, então candidato ao Governo; e o advogado José do Patrocínio, coordenador jurídico do, à época, candidato Lúdio Cabral (PT).

Também consta na denúncia do MPE que Zaqueu, Barros e Corrêa falsificaram documentos para obter autorização de quebras de sigilo telefônico pela Justiça.

No caso em questão, a inserção ilegal ocorreu em uma investigação que tramita na Comarca de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), envolvendo policiais que estariam colaborando com traficantes da região.

Segundo o chefe do MPE, a fraude praticada por Zaque e Correa teria induzido o promotor e o juiz da região a erro, uma vez que acreditaram que números inseridos ilegalmente pertenciam aos alvos da investigação.

Mauro Curvo afirmou que os crimes, cometidos mais de sete vezes, foram provados por meio de relatórios técnicos e depoimentos colhidos na investigação.

O MPE afirmou que o Núcleo de Inteligência que operava as escutas ilegais foi criado pelo coronelr Zaqueu Barbosa, em agosto de 2014, de forma ilegal, “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

Segundo Curvo, da criação do núcleo até dezembro de 2015, Zaque, Ronelson e Corrêa se uniram para falsificar documentos, com o objetivo de conseguir fazer as escutas clandestinas, “atentando contra a Administração e o Serviço Militar”.

Além disso, Mauro Curvo explicou que o núcleo precisaria ter sua criação homologada por parecer da Diretoria da Agência Central de Inteligência (DACI), para que ficasse subordinado às companhias de Polícia Militar, o que não ocorreu.

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