“Fez acerto de R$ 70 mi e vai para casa, tranquilo, com R$ 800 mi”

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Angelo Varela/ALMT
CAMARA VG

Midia News

Citado em diversos trechos da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB) usou a tribuna da Assembleia, na noite de quarta-feira (30), para criticar o montante que o peemedebista terá que devolver aos cofres de Mato Grosso.

Pelo acordo, firmado em março com a Procuradoria Geral da República (PGR) e homologado no dia 9 de agosto pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), Silval devolverá aos cofres públicos R$ 70,08 milhões, parte em bens, parte em espécie. Até o momento, ele já devolveu R$ 46,6 milhões em bens à Justiça Estadual.

Para Savi, o ex-governador “embolsou” algo em torno de R$ 1 bilhão e deveria devolver todo o valor.

“É triste, o fato é lamentável. Tem que ser apurado, sim. Agora, o mais triste é pelos números e pelo tamanho da fantasia criada, calcula-se quase R$ 1 bilhão. Ele fez um acerto de R$ 70 a R$ 80 milhões e vai para casa, tranquilo, com mais de R$ 800 milhões guardados. Isso sim tem que ser devolvido”, afirmou.

“Então, acho que o Ministério Público poderia verificar quanto realmente foi lesado e quem lesou e cobrar esse dinheiro de volta. E tem que se analisar que tem muitas pessoas que sumiram do Estado. É bom perguntar por quê? Se foi negociação…”, disse.

Ele também ironizou o fato de não ter aparecido entre os deputados que receberam dinheiro vivo em pleno Palácio Paiaguás.

Na delação de Silval, Savi é citado entre os que receberam “mensalinho” para apoiar o Governo em esquemas no Detran-MT e em trecho que fala sobre pedido de propina na CPI das Obras da Copa, da qual ele era relator.

“Eu confesso que até imaginava alguma coisa nesse sentido. O que não imaginava é que uma pessoa que se diz o comandante da quadrilha, o chefe do crime, fantasiasse tantas coisas. Quero dizer que não tenho preocupação nenhuma. Aliás, meu nome foi colocado com outra caneta, deveriam ter vergonha na cara e ter colocado com a mesma caneta. Ou as câmeras, quando fui lá, estavam estragadas”, ironizou.

“Muitos pediram para não falar aqui, hoje, porque poderia ter alguma coisa a mais, mas não estou preocupado. Porque a única coisa que vi lá na gravação, e por áudio ainda, é que chamei o senhor Toninho [Antônio Barbosa, irmão de Silval], ele foi à minha casa e me gravou. É uma pessoa de uma índole ilibada…”, ironizou.

 

Esquema no Detran

O empresário Antônio Barbosa, irmão do ex-governador, afirmou que um esquema no Detran-MT beneficiou o presidente da Assembleia Eduardo Botelho e Mauro Savi, além do ex-deputado federal Pedro Henry (PP), condenado no Mensalão.

A acusação consta na delação premiada firmada entre Antônio Barbosa, conhecido como Toninho, e a Procuradoria Geral da República (PGR), homologada no dia 9 de agosto pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo ele, as tratativas ilícitas – ocorridas na gestão de Silval – envolviam a empresa FDL Serviços de Registro de Cadastro e Informatização, que posteriormente mudou o nome para EIG Mercados Ltda.

A FDL já é alvo de ação do Ministério Público Estadual (MPE), que pede a condenação da empresa por supostas ilegalidades no contrato milionário que mantém com o Detran, além das taxas consideradas “exorbitantes” cobradas para o registro de financiamentos de contratos de veículos. Na gestão Silval, a empresa ficava com 90% das que eram pagas pelo serviço. Atualmente, o percentual caiu para 50%.

O alegado esquema já teria sido delatado pelo ex-presidente do Detran, Teodoro Lopes, o “Dóia”, mas a delação não foi homologada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

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