Belo relembra prisão: ‘Saí de cabeça erguida e dei a volta por cima’

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© Wilton Junior / Estadão
CAMARA VG

Fonte: Msn

O cantor Belo relembrou a sua prisão por tráfico de drogas ocorrida em 2004 em entrevista ao Conversa com Bial, da Globo, que irá ao ar na noite de sexta-feira, 11. Gracyanne Barbosa, sua esposa, também participará da entrevista a Pedro Bial.

“Foi uma loucura. Esse episódio me levou do céu ao inferno. Foi muito triste”, afirmou Belo.

O cantor também ressaltou o apoio do público: “Foi primordial. Saí de cabeça erguida e dei a volta por cima, graças a Deus e aos meus fãs. Na cadeia, eu só cantava e, apesar de não ter contato com ninguém e de não poder trabalhar, minhas músicas continuaram fazendo sucesso”.

Gracyanne Barbosa também falou sobre ter se tornado “musa fitness”: “foi uma consequência do meu estilo de vida. Sempre tive a vida regrada. A marmita, que é tão comentada, não é sofrimento para mim porque se tornou algo natural da minha vida. Sou feliz assim”.

Relembre como foi a prisão de Belo

Belo em julho de 2002, após 37 dias preso por envolvimento com o tráfico de drogas. © Tasso Marcelo / Estadão Belo em julho de 2002, após 37 dias preso por envolvimento com o tráfico de drogas.

Em maio de 2002, o promotor Alexande Murilo Graça, da 34ª Vara Criminal, pediu a prisão preventiva de Marcelo Pires Vieira, nome de bastimo do cantor Belo, além de outras 20 pessoas investigadas pela Polícia Civil por associação para o tráfico de drogas.

Em 6 de abril do mesmo ano, foi divulgada pela polícia do Rio, pela primeira vez, uma gravação de ligações telefônicas do cantor Belo em que ele era acusado de manter relacionamento com traficantes da Favela do Jacarezinho.

Em uma das conversas, o traficante Valdir Ferreira, conhecido como Vado, pedia R$ 11 mil supostamente ao cantor para a compra de ‘tecido fino’, que seria cocaína, segundo a polícia. Em troca, Belo pediria um ‘tênis AR’, segundo a polícia, um fuzil AR-15.

A autenticidade da voz de Belo foi confirmada pelo perito Ricardo Molina, da Unicamp, em perícia solicitada pela juíza Rute Viana Lins, da 24ª Vara Criminal do Rio: “Nesse caso, estamos seguros de que a voz do telefonema é de Belo. Todas as comparações feitas levam à conclusão de que é dele a voz”.

Cantor Belo no dia de sua prisão, em 5 de novembro de 2004. © Wilton Junior / Estadão Cantor Belo no dia de sua prisão, em 5 de novembro de 2004.

Ricardo Hallack, à época delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) afirmou que a divulgação da fita com a conversa grampeada de Belo não foi boa para o planejamento da polícia.

“A divulgação foi precipitada e atrapalhou as investigações sobre a atuação do Comando Vermelho nas favelas do Jacarezinho, do Rato, de Manguinhos e de São João, porque os traficantes pararam de usar o telefone”, explicava.

Belo foi indiciado, processado e preso em 5 de junho de 2002, sob acusação de associação para o tráfico de drogas e porte ilegal de armas (da qual seria absolvido posteriormente).

O cantor ficou 37 dias na carceragem da Delegacia anti-sequestro, onde dividiu uma cela de 6 m² com sete detentos, até conseguir um habeas corpus concedido pelo STF para responder em liberdade.

Na manhã de 5 de novembro de 2004, Belo foi preso em sua casa, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Na ocasião, ele estava escondido em um quarto com paredes falsas após ter sido condenado a oito anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. A polícia levou cerca de 40 minutos até encontrá-lo.

O julgamento dos recursos do processo deveria ter sido feito em 26 de novembro, mas foi adiado porque o cantor pediu para ser interrogado novamente, o que foi negado pela 8ª Câmara Criminal.

Em dezembro de 2003, a advogada de Belo, Alessandra Herculano, afirmava: “Não sei se o pedido vai ser deferido, mas ainda não foram esgotadas todas as vias de negociação”.

Inicialmente prevista para seis anos, a pena subiu para oito. Em nota divulgada pelo Tribunal de Justiça, os desembargadores Flávio Magalhães, Maria Raimunda Azevedo e Ângelo Glioche, que decidiram pelo aumento da pena, explicavam a motivação.

Segundo eles, a decisão foi tomada pelo fato de Belo ser “um ídolo da música popular e sua conduta censurável ter repercutido de forma desfavorável nos admiradores adolescentes que ele costuma atrair em seus shows”.

O cantor Belo em seu 1º show após ser beneficiado por um habeas corpus, em janeiro de 2004. Na foto, ao lado da dona de casa Edite dos Santos Gonzaga, então presidente do fã-clube Eternamente Belo e sua então esposa, Viviane Araújo.   © Wilton Junior / Estadão O cantor Belo em seu 1º show após ser beneficiado por um habeas corpus, em janeiro de 2004. Na foto, ao lado da dona de casa Edite dos Santos Gonzaga, então presidente do fã-clube Eternamente Belo e sua então esposa, Viviane Araújo.  

Em sua primeira noite na carceragem da Polinter, Belo dividiu uma cela com mais de 30 outros presos.

“Ele estava em choque, ainda sob o impacto da prisão”, contou um dos três advogados de Belo, à época. Segundo ele, o cantor pediu apenas roupas e cigarros antes de ser preso.

Durante o período em que esteve preso, Belo conseguiu direitos como passar os fins de semana com a família (desde que saísse às 6h e voltasse à prisão às 22h), e até mesmo fazer shows.

Em 2007, Belo conseguiu o direito à liberdade condicional. Após nove meses, porém, foi obrigado a retornar à cadeia, tendo que cumprir a pena no regime semi-aberto após o Ministério Público Estadual recorrer contra a extinção da pena por tráfico.

Em agosto de 2008, a juíza Cristina de Araújo Góes LAjchter, da Vara de Execuções Penais do Rio, aceitou o pedido de liberdade condicional de Belo. Na época, o cantor era mantido em regime semi abeO cantor foi preso em 2003 por envolvimento em tráfico de drogas. Ele foi condenado a seis anos de prisão e, em 2010, recebeu ordem de soltura.

Em 31 de julho daquele ano, o livramento havia sido suspenso menos de 24 horas após ser concedido, uma vez que a ficha de controle de Belo apontava que, durante a fiscalização, não havia sido encontrado em seu local de trabalho.

Belo foi liberado da pena em 2010, quando ainda teria um ano e quatro meses para cumprir em liberdade condicional, época em que tinha que chegar em casa antes das 23h e pedir autorização da Justiça para shows.

“Ele já pode levar a vida normal. Nada mais a pagar para a Justiça nem para a sociedade. Belo cumpriu sua pena corretamente e teve bom comportamento. Quando contei, ele ficou radiante e chorou”, afirmou sua advogada à época, Sandra Almeida.

O traficante Vado morreu em agosto de 2002, após troca de tiro com policiais militares.

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