Uma investigação revelou que uma organização foi criada para promover um candidato a vereador

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Operação Infiltrados: Associação usada para promover facção criminosa é alvo de investigações em Rondonópolis

A investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis, que culminou na deflagração da Operação Infiltrados no último dia 27 de setembro, revelou a existência de uma associação usada para promover atividades de uma organização criminosa na região da Vila Operária, controlando o tráfico de drogas e ampliando sua influência na comunidade.

A Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (Afar) foi alvo de mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueio de valores. A presidente da entidade, L.V.D.C., de 29 anos, foi presa. A Justiça também determinou a suspensão das atividades da associação e o bloqueio dos repasses da Prefeitura de Rondonópolis, que havia firmado um termo de colaboração para repassar R$ 120 mil anuais à Afar.

Lavagem de dinheiro e assistencialismo

De acordo com a investigação, a Afar era utilizada para lavagem de dinheiro e para promover eventos assistencialistas, como distribuição de cestas básicas, a fim de legitimar suas ações e aproximar a organização criminosa da comunidade. Os eventos patrocinados pela associação incluíam bingos, rifas e torneios de futebol, supostamente realizados para arrecadar fundos para ações sociais, mas que, na prática, beneficiavam a facção criminosa.

Os assistencialismos, como a entrega de alimentos e a organização de torneios esportivos, tinham como objetivo ganhar empatia da população local, especialmente de jovens, e difundir a ideologia da organização criminosa, sob o disfarce de ações sociais.

Envolvimento político

A investigação também apontou que a associação tinha envolvimento político, com o objetivo de eleger membros da facção a cargos públicos. O advogado da Afar, conhecido como “Capitão”, foi apoiado como candidato a vereador nas eleições de 2024. Grupos em aplicativos de mensagens foram organizados para angariar apoio popular, com ordens para que os membros da organização participassem ativamente das campanhas e eventos.

Entre 2021 e 2024, diversas prisões de integrantes da facção revelaram o uso da Afar como um “braço” da organização. Materiais como cartelas de bingo, anúncios de eventos esportivos e cestas básicas apontaram o envolvimento da associação com o tráfico de drogas.

Histórico de investigações

A Afar já havia sido alvo de outras operações policiais. Em 2022, a Operação Armadillo investigou o envolvimento da associação na escavação de um túnel para a fuga de líderes criminosos da Penitenciária Central do Estado. Durante essa operação, a presidente L.V.D.C. tentou destruir seu celular para ocultar provas, mas foi contida pela polícia.

Em maio de 2023, a Operação Fumacê também apreendeu materiais da Afar em uma residência usada como ponto de armazenamento de drogas. Cartelas de bingo, camisetas de times de futebol e cestas básicas foram encontrados no local, reforçando o uso da associação como fachada para atividades criminosas.

Investigação em andamento

A Operação Infiltrados continua investigando o envolvimento de outros membros da facção criminosa e o uso de recursos da Afar para fortalecer suas atividades. Os irmãos de L.V.D.C., apontados como líderes do tráfico de drogas na região, permanecem foragidos. A Polícia Civil segue com as investigações para desmantelar a rede criminosa e coibir o uso de entidades assistencialistas para fins ilícitos.

 

 

Da redação com informações do PJC-MT