Polícia Civil investiga atuação de facções em MT; vídeos têm mostrado tortura e mortes; vídeos

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Foto: Rogério Florentino Pereira/OD
ALMT TRANSPARENCIA

Olhar Direto

Diversos vídeos que teriam sido feitos por integrantes de diversas facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), estão sendo investigados pela Polícia Civil (PJC). O secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, disse que, em breve, a população perceberá as respostas que serão dadas a estes casos.
 
Um dos vídeos que chamou a atenção foi do taxista Douglas da Silva Dantas, 34 anos, que teve sua execução filmada pelos assassinos. Ele foi torturado e degolado, no dia 08 de agosto, por supostos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

As imagens da vítima, que seria do Comando Vermelho (CV), amordaçada e imobilizada, caída no chão, circularam pelo Whatsapp e foram enviadas à familiares do homem pouco antes de sua morte. A vítima, que possui três passagens criminais, foi localizada dentro de seu veículo VW Gol.
 
Outro caso que chamou a atenção foi o de dois jovens, que seriam criminosos, sendo espancados por supostos integrantes do Comando Vermelho (CV). No primeiro vídeo, um jovem é acusado de ter roubado uma moto no bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá. Além disso, teria ainda cometido outros delitos, o que seria proibido pelos integrantes do Comando Vermelho. Rapidamente, ele é jogado no chão e espancado com chutes e pauladas.


  
Depois, outro jovem também segura um cartaz e é obrigado a dizer que cometeu os roubos e também a pedir desculpas pelo ocorrido. Ele ainda é acusado pelos criminosos de roubar galinha, celular e outros pertences de moradores dos bairros Marajoara e Jardim Paula, em Várzea Grande. Chorando e demonstrando muita dor, o rapaz também é espancado com chutes, socos e pauladas. Em certo momento, ele diz ter sido atingido na boca e que teve um dente quebrado.
 
“A diretoria geral da Polícia Judiciária Civil (PJC), com suas unidades especializadas, já está cuidando deste problema. Há algum tempo existe um trabalho qualificado de investigação criminal em Mato Grosso relacionado aos faccionados. Tenho convicção que, muito em breve, vocês vão perceber as respostas que a PJC vai dar a estes casos”, afirmou o secretário de Segurança Pública do Estado, Rogers Jarbas.
 
Tortura em presídio
 
Vídeos que circulam em grupos do WhatsApp, aos quais o Olhar Direto teve acesso, mostram diversas sessões de tortura que aconteceram no presídio Major Eldo de Sá Correia (Mata Grande), em Rondonópolis (215 km de Cuiabá). Em um deles, um dos detentos diz que irá desmaiar de tanta dor.

Recentemente, a reportagem mostrou que alguns dos presos estavam tirando selfies e com vários celulares dentro do local. A cena voltou a se repetir, com novas imagens que foram divulgadas em grupos. A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) diz já ter adotado providências para solucionar a questão.

 
Em um dos vídeos, um rapaz aparece todo ensanguentado e parece estar desorientado em função da tortura sofrida dentro do presídio. Um cartaz foi colocado na frente dele, dizendo que o rapaz foi disciplinado por ter batido em um integrante do Comando Vermelho (CV). Ele ainda é obrigado a dizer que está apanhando por “ser um ‘vacilão’ e ter batido em um irmão do CV”.
 
Na sequência, os outros presos pegam pedaços de madeira e batem contra as costas do homem. Um deles chega a dizer: “Pode bater mais um pouquinho, eu ‘tô’ gostando”. Neste momento, o rapaz diz que irá desmaiar e deita no chão, muito desorientado. Só assim é que a tortura cessa.
 
Em outro vídeo, um detento aparece deitado no chão, com o rosto e cabelos molhados e ao lado de um vaso sanitário. As costas dele estão completamente feridas, pelo que parece ser um objeto contundente. As agressões seriam porque ele teria entregado (‘caguetado’, na gíria dos criminosos) um companheiro deles.
 
Sejudh
 
A assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) informou que “todas as imagens (foto e vídeos) são relativas a ocorrências antigas registradas na Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, e todos os envolvidos foram identificados, alocados em celas separadas e responderam a procedimento administrativo disciplinar”.
 
As ocorrências, conforme a secretaria, seriam de maio deste ano e um desses de novembro de 2016. Ainda foi informado que “um dos presos que aparece de boné na foto será encaminhado para isolamento em uma área da penitenciária”. Conforme o apurado pela reportagem, esta seria a segunda vez que ele segue para o setor.

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