Fonte: Olhar Direto
“Ao receber a notícia da mídia, eu fiquei vagando com meu carro sem rumo, tentando criar coragem e pensando de que forma eu iria dar está notícia para o meu filho que todos os dias me pergunta: ‘por que a assassina da minha irmã ainda está solta??’”. Esta foi a reação de Patrícia Hellen Guimarães Ramos, mãe da Isabele Guimarães Ramos, morta no dia 12 de julho no Condomínio Alphaville, em Cuiabá, ao saber que a Justiça manteve em liberdade a adolescente acusada de atirar no rosto de sua filha.
Patrícia disse, através de nota, que vem se manifestar da decisão com o coração dolorido e a esperança estilhaçada. “Venho a público manifestar a minha decepção e também registrar a minha indignação em relação ao resultado final do julgamento do Habeas Corpus que decidiu por não recolher a menor que tirou a vida da minha filha com um tiro no rosto e sem que ela tivesse qualquer chance de se defender”.
“Ontem, ao receber a notícia pela mídia, fiquei vagando com meu carro sem rumo, tentando criar coragem e pensando de que forma eu iria dar está notícia para o meu filho que todos os dias me pergunta: ‘por que a assassina da minha irmã ainda está solta??’”, completou Patrícia.
Ainda conforme a mãe de Isabele, o filho está atravessando um período muito difícil por conta da ausência da sua irmã. “Com esta decisão de não recolher a menor que matou a minha filha e ainda sem saber o que dizer, preciso agora que alguém me ajude a dar uma resposta ao meu filho, lembrando que, como a minha filha que foi brutalmente retirada de nós, ele também é um menor de idade e precisa e tem o direito que seja dispensado a ele todos os cuidados que este terrível momento exige”.
Sentido da vida
Um dia após o crime que ceifou a vida de Isabele, o irmão dela, usou suas redes sociais para desabafar e lamentar a perda da adolescente. Ele lembrou do acidente que tirou a vida do pai, o neurocirurgião Jony Soares Ramos, de 49 anos, em junho de 2018. “O sentido da vida é fazer você sofrer. Só queria dar um abraço nela e um beijo”.
“É triste a vida… não deu nenhuma chance para minha irmã viver. Era uma irmã muito chata quando queria, mas um amor sempre. Era linda e, além de tudo, era minha irmã”, iniciou o garoto nas redes sociais.
Em outra postagem, o menino lembrou do acidente que teria a vida do pai. “Agora sei o sentido da vida, é fazer você sofrer. Meu pai já foi, agora minha irmã. Meu Deus. Queria só dar um abraço e beijo nela”.
Decisão
A adolescente que matou Isabele Guimarães Ramos, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville em Cuiabá, terá que cumprir algumas medidas cautelares, como a de se recolher em casa no período noturno e finais de semana. Nesta quarta-feira (25) a Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) confirmou a liminar que revogou a internação imposta à adolescente, mediante cumprimento das cautelares.
Além de recolhimento em sua residência no período noturno, nos finais de semana e outros dias de folga, a adolescente não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas.
No último dia 15 de setembro a adolescente chegou a se entregar após ter sua internação decretada. No mesmo dia, seguiu para o Complexo do Pomeri, onde estava em cela isolada, por conta dos procedimentos do novo coronavírus.
No dia seguinte o desembargador Rui Ramos, plantonista, deferiu o habeas corpus para a adolescente alegando que ela tem se apresentado espontaneamente a todos os atos do processo. Inclusive compareceu à delegacia após a decretação da internação. Apesar do Ministério Público pedir a manutenção da internação, o TJ manteve a garota em liberdade.
O caso
No caso, a adolescente responsável pelo disparo que matou Isabele Guimarães Ramos no condomínio Alphaville responde por ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso.
A Polícia indiciou ainda o empresário Marcelo Cestari, pai da jovem atiradora, pelos crimes de posse de arma de fogo, homicídio culposo (sem intenção de matar), por entregar a arma para adolescente e por fraude processual. Ele será julgado em outro processo. O pai e a mãe da adolescente também foram denunciados pelo Ministério Público.