A pandemia causada pelo coronavírus já tirou a vida de quase sete mil pessoas somente em Mato Grosso e fez os enterros dobrarem na grande Cuiabá, nos períodos de expressivos números de óbitos. Porém, os danos também têm sido sentidos pelos donos de funerárias, que viram os preços de caixões e insumos disparar, tiveram que contratar mais funcionários e estão vendo seus veículos de transporte se deteriorarem por conta dos produtos químicos utilizados para fazer a desinfecção deles.
Nilson Martins Marques, diretor da Pax Nacional e dono da funerária Dom Bosco, explica ao Olhar Direto que, normalmente, a Pax faz por mês 310 funerais. Em julho do ano passado, durante o pico da primeira onda, chegou a 774, mais que dobrando a quantidade.
“É assustador. A doença não é brincadeira. Nesta segunda onda, Cuiabá e Várzea Grande estão com média superior a 21 óbitos/dia só de Covid-19 no mês de março. Podemos dizer que estamos com o triplo de funerais do que era a média diária agora”, explicou o empresário.
Paulo Mendonça, dono da funerária Santa Rita, comenta que os próximos dias ainda devem ser difíceis. “Os números mostram que está acontecendo um aumento gradativo no dia a dia. Acredito que na próxima quinzena, poderemos passar por situações delicadas como no ano passado, quando tivemos um pico alto”.
Ambos empresários garantiram que não deve haver desabastecimento de urnas funerárias, isso porque as funerárias, que tem poder de compra, conseguiram adquirir vários produtos para deixá-los em estoque.
Nilson ainda pontua que é uma ilusão achar que os donos de funerária estão ganhando dinheiro com a pandemia. “Não pensamos em ganho financeiro. É ilusão dizer que estamos ganhando dinheiro, estamos perdendo. Tivemos que aumentar os custos. Nossos funcionários estavam ficando doentes também, eram afastados, foram feitas novas contratações”.
“Com o coronavírus, não tem velório, é enterro direto, então o valor também é menor. O que nós estamos preocupados é com resolver o problema da sociedade. É uma luta diária e estamos conseguindo matar um leão por dia. Até agora, não foi necessário qualquer tipo de ajuda do Estado ou município”, explica Nilson.
Fonte: Olhar Direto – Wesley Santiago