“A pandemia vai tornar esses jogos de Tóquio os mais desafiadores da história”, diz médico cuiabano vinculado ao comitê paralímpico

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CAMARA VG

Os jogos paralímpicos de Tóquio 2020 começam nesta terça-feira (24). O Olhar Direto conversou com o cuiabano nascido no hospital geral e, hoje medico esportivo vinculado ao comitê paralímpico brasileiro, João Lombardi. João contou que esses serão os ‘jogos mais desafiadores da história’, devido à pandemia. Ele foi convocado pelo comitê para trabalhar junto a equipe de goalball e chegou no Japão no início de agosto com a delegação.

Vinculado ao comitê, João foi convocado para os jogos paralímpicos que se iniciam no dia 24 de agosto e se encerram dia 5 de setembro. Oficialmente, João prestará serviço aos atletas do goalball.

Questionado sobre os desafios da medicina em uma paralímpiadas, o médico foi assertivo ao dizer que delegações médicas sempre estiveram presentes nos jogos, porém os desafios serão maiores nesta edição devido à pandemia da Covid-19.

“Sempre nos jogos vão médicos para cuidar dos atletas e delegação, independente de pandemia, mas com certeza a pandemia vai tornar esses jogos de Tóquio os mais desafiadores da história”, disse João.

Conforme Lombardi, os atletas com deficiência transbordam o conceito de ‘superação’ romantizada pelo fato de treinarem muito, em nível de alto rendimento profissional. Ainda, que os atletas conquistam e alcançam seus objetivos por meio de constante esforço e dedicação, independente da deficiência.

“Os atletas treinam muito, são atletas de alto rendimento mesmo. Ralam demais para chegar aonde chegam, mas tudo por meio da dedicação e esforço, independente da deficiência. Muitos resultados de atletas paralímpicos em suas modalidades são inalcançáveis para pessoas sem deficiência. São marcas absurdamente impressionante”.

O goalball é uma modalidade exclusivamente paralímpica e, dentro do esporte paralímpico, exclusivamente de deficientes visuais. É jogado com três atletas em cada lado da quadra e três reservas. São dois tempos de 10 minutos. Vence a equipe que marcar mais gols ou a equipe que atingir primeiro uma diferença de 10 gols em relação à outra, mesmo que antes do tempo regular. A bola pesa 1,250 quilogramas e contém um guizo para que o barulho guie todas as ações em quadra.

Para o médico, é fascinante trabalhar no esporte adaptado para pessoas com deficiência tendo em vista a energia boa e o ambiente sempre positivo. Além disso, pontuou que mesmo longe do ideal, as condições para atletas de alto rendimento em atividades esportivas adaptadas estão caminhando positivamente para um patamar mais elevado.

Lombardi esclareceu à reportagem que a conscientização e políticas públicas e sociais são indispensáveis para romper as barreiras que dificultam a acessibilidade e inclusão ao esporte. Exemplo disso, segundo João, é o trabalho ‘exemplar e excelente’ que o comitê exerce, oferecendo suporte e estrutura para fomentar o alto rendimento para o esporte adaptado.

“O Brasil hoje, em minha opinião, já pode ser considerada uma potência paralímpica. À medida que as condições de treino e adaptações forem acessíveis em todos os cantos do país, o cenário do esporte adaptado no Brasil só tende a melhorar”, disse.

Questionado sobre os procedimentos científicos e médicos de seu trabalho no esporte adaptado às pessoas com deficiências, João pontuou que todas as atividades exercidas seguem os preceitos da boa medicina. Por outro lado, explicou que a emoção em trabalhar com pacientes com deficiência é latente e caminha ao lado dos preceitos da ciência médica.

“O profissionalismo deve estar presente em todos os momentos. Mas isso não significa que não seja emocionante ou que a relação humana fique de lado, muito pelo contrário, apenas não pode deixar isso sobressair ao objetivo em que estamos ali, que é dar a assistência médica!”

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