Com investimento de pelo menos R$ 12 mi, área devastada em garimpo tem tamanho de uma cidade

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Reprodução
CAMARA VG

Os criminosos por trás da exploração ilegal de ouro na região da Terra Indígena (TI) de Sararé, na região de Pontes e Lacerda (443 quilômetros de Cuiabá) investiram pelo menos R$ 12 milhões em um ano para devastar uma área equivalente a quase dois mil campos de futebol, em apenas um ano. O valor é estimado (por baixo) somente na aquisição de maquinário, que foi apreendido em cinco operações da Polícia Federal e Ibama.

A exploração acontece em uma região em que haviam três garimpos, sendo que cresceu de uma forma tão acelerada, que acabaram se tornando um só. A área devastada é de quase dois mil campos de futebol. Em um ano, o dano feito na região do garimpo de Sararé é de aproximadamente 30% do feito no de Serra Pelada, que ocorreu na década de 1980.

“A expansão desta área de garimpo chega a ser do tamanho da própria cidade de Pontes e Lacerda”, disse o delegado Roberto Moreira da Silva Filho. Antes, os garimpeiros se utilizavam de formas rudimentares, com milhares de pessoas fazendo aquele trabalho de formiguinha. Porém, agora, com os maquinários eles conseguem acelerar o processo, causando um dano ambiental considerável.

No total, foram apreendidas 41 pás escavadeiras durante as cinco operações. Cada uma delas é avaliada em, pelo menos, R$ 300 mil, sendo que algumas podem chegar a R$ 1 milhão cada. Sendo assim, estimando-se por baixo, o investimento para a exploração ilegal é de pelo menos R$ 12 milhões somente neste tipo de maquinário.

Além deles, a Polícia Federal também apreendeu 140 motores estacionários, que ajudavam a fazer a separação dos materiais e na busca por ouro. Duas pás escavadeiras foram doadas (prefeitura de Cuiabá e Ibama). Porém, o restante teve de ser inutilizado, já que os próprios garimpeiros destroem os equipamentos para que eles não sejam pegos pelas autoridades.

“Cada máquina tem um proprietário, eles são investigados e contam com quatro a cinco funcionários. Estes últimos a gente por vezes não consegue pegar todo, mas conseguimos chegar até os donos, que serão responsabilizados posteriormente pelos crimes cometidos. Muitos são reincidentes nesta prática. Porém, os dados ainda estão sendo confrontados”, disse o delegado.

A região chegou a ter mais de 500 pessoas trabalhando simultaneamente. Porém, toda a estrutura contou com mais de mil pessoas.

“Todo ouro retirado de dentro da terra indígena é ilegal. A pessoa não consegue regularizar. Algumas cooperativas tentam esquentar este ouro emitindo documentos falsos. A investigação também envolve investigar a rota deste ouro”, pontua o delegado, que adianta que não foi constada ligação de facções criminosas (como o Comando Vermelho) neste tipo de crime.

Para tentar conter a volta destes garimpeiros para a região, foi autorizada a permanência da Força Nacional e reforço da Polícia Militar na cidade até abril do ano que vem, podendo ser renovada. Além disto, está sendo reativada uma base da Funai.

Como a região é bastante extensa, a Polícia Federal conta com imagens de satélite, que são capazes de monitorar a área e identificar se trata-se de desmatamento ou garimpo ilegal. Até o momento, não foi possível ainda quantificar o montante movimentado com a exploração indevida.

Prejuízo

Somente na “Operação Alfeu III” o prejuízo que a Polícia Federal deu ao crime foi de R$ 20 milhões. na Terra Indígena (TI) Sararé. Na primeira fase da ação, o montante foi de R$ 13,5 milhões.

Serra pelada

Serra Pelada foi o maior garimpo do Brasil cuja exploração se deu principalmente de 1980 a 1983.

Localizado na Serra dos Carajás, no Pará, era um morro sem vegetação de 150 m2. Atualmente, só resta uma cratera de 24 mil m2, com 70 a 80 metros de profundidade, que as águas transformaram num lago poluído de mercúrio.

Calcula-se que foram extraídos cerca de 45 toneladas de ouro desde sua inauguração até o fechamento oficial em 1992.

Fonte: Olhar Direto

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