Para a maioria dos analistas, a alta da inflação no mundo é um problema temporário. Ontem mesmo, foi divulgado aqui no Brasil que o IPCA (índice de preços ao consumidor amplo) ficou acima dos 10% no ano passado. Mesmo assim, economistas, como fez ontem Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve, o Banco Central Americano, dizem que as altas dos preços são um desajuste entre oferta e demanda e que não vão durar. Só que a Ômicron ameaça essas previsões de recuo.
A alta capacidade de transmissão da variante ameaça fechar novamente as fábricas na Ásia, principalmente na China, que tem uma política de tolerância zero em relação à Covid-19. O governo do país, que registra menos de 5 mil mortes pelo coronavírus desde o começo da pandemia, há dois anos, não hesita em fechar empresas ou mesmo cidades no caso de contaminação. Salva vidas, mas pode desorganizar novamente a produção, como no começo da crise. E com efeitos no mundo todo, já que se trata do maior parque industrial do planeta.
Em um comunicado na segunda-feira, o banco HSBC alertou que a Ômicron pode levar ao que chamou de “a mãe de todos os tropeços na cadeia dos suprimentos”. Essa expressão é uma referência à ameaça que alguns ditadores do Oriente Médio faziam a eventuais invasores, prometendo que enfrentariam “a mãe de todas as batalhas”. As redes de produção asiáticas, até agora, resistiram à pandemia. Muito da inflação que é sentida no mundo atualmente é mais consequência de problemas no transporte e da falta de trabalhadores do que percalços na produção. Porém, a rápida taxa de transmissão da Ômicron sinaliza, segundo o HSBC, que a variante, mesmo levando a menos internações e óbitos, tem um potencial muito maior do que as anteriores de causar um colapso na produção.
Fabricantes de chips, que são fornecedores da Samsung, entre outras empresas, têm alertado que um lockdown nas fábricas chinesas de componentes deve afetar suas indústrias E, como consequência, o impacto será sentido na falta de chips e na queda na produção de eletrônicos, além de preços mais altos. A nova crise volta a se fazer presente justo quando a cadeia global de suprimentos dava sinais de que começava a voltar ao normal, com os preços se estabilizando. Agora aumentam os temores de que a inflação, que surpreendeu todo mundo 2021, repita a dose em 2022.
Fonte: Jovem Pan