A missão oficial do presidente Jair Bolsonaro a Moscou é decisão tomada e “chegou ao ponto do não retorno”, sinalizam auxiliares do titular do Planalto. A Rússia está mergulhada numa crise com os Estados Unidos e a Europa, que apontam uma invasão da Ucrânia, a ser determinada por Vladimir Putin, como forma de barrar o avanço da Otan na região.
Apesar dos argumentos de alas do governo – inclusive do ministro da Economia, Paulo Guedes – que temem reflexos, como o estremecimento das relações do Brasil com seu segundo parceiro comercial, os Estados Unidos, Bolsonaro não optou pelo adiamento da viagem quando isso ainda era possível. A menos de uma semana do embarque, previsto para o dia 14, conforme o blog antecipou, a missão oficial – que tem caráter protocolar e comercial – só seria cancelada, segundo fontes, em caso de movimentação militar explícita dos russos.
A diplomacia brasileira sempre adotou o padrão de neutralidade em relação a conflitos entre países amigos, mantendo uma postura equidistante de disputas que causem impacto na comunidade internacional. Confirmada a viagem presidencial, o Brasil forçosamente sinalizará o desembarque dessa neutralidade, ainda que insista que se trata de uma missão estritamente comercial.
A situação, desta vez, é vista como “enrascada diplomática” e teria se tornado um jogo de “perde-perde” – isto é, ruim para o Brasil se confirmada, porque a visita de Bolsonaro a Moscou irritará aliados importantes e dará um sinal truncado de apoio a Putin, e também negativa para o país se cancelada, porque criará constrangimento junto aos anfitriões russos.
Os alegados interesses comerciais da viagem envolvem a área energética, com perspectivas de acordo em torno de petróleo e gás natural, e ainda fertilizantes a partir do fosfato. O cancelamento da visita imporia um retrocesso nas tratativas. A missão seria plenamente justificada, avalia-se, não fosse a situação de iminente conflito em que a Rússia se encontra, ainda que o país não admita a intensão de marchar sobre a Ucrânia, como o alardeado no Ocidente.
Fonte: R7