Em entrevista exclusiva à TV Record, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que as medidas restritivas relacionadas à Covid-19 podem se relaxadas no Brasil até o fim de março. De acordo com ele, até lá, a tendência é que o país realmente rebaixe o status da doença de pandemia para endemia. Nesse cenário, a doença passa a fazer parte das rotinas diárias e precisa ser combatida com políticas permanentes. O R7 já havia antecipado a possibilidade.
No caso de endemias, apesar de a doença ser frequente, as autoridades sanitárias entendem que o sistema de saúde já está preparado para combatê-la. De acordo com Queiroga, para ocorrer a mudança, devem ser levados em conta diversos fatores, como a redução nas taxas de infecção e morte pelo coronavírus e o avanço da vacinação.
“Tivemos uma reunião com o secretário da OEA [Organização dos Estados Americanos], da Opas, e um dos temas foi o rebaixamento do caráter de pandemia para endemia. Naturalmente, não se trata de vontade, mas sim do avanço da doença, da capacidade do sistema hospitalar e do avanço da vacinação. Com esses critérios, podemos rebaixar. Não se pode fazer isso no mundo todo, como na África, com a baixa cobertura vacinal”, afirmou Queiroga, durante entrevista feita nos Estados Unidos, onde o ministro participou de reuniões de trabalho na Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). O assunto principal do encontro foi a promoção de esforços pela vacinação universal.
Queiroga disse que não tem uma data específica para as mudanças no Brasil, mas a expectativa é que elas ocorram no próximo mês. “Devemos baixar o status e reduzir as medidas restritivas. A expectativa é que façamos isso no final de março, mas não quero dar uma data ainda”, explicou.
O médico afirmou que, apesar da dificuldade em avançar na vacinação em alguns estados do Norte do país, o brasileiro tem uma cultura de se imunizar, o que colabora no avanço da imunização. “Nos EUA, há uma média de 3.000 mortes por dia. Por aqui, a média é de 800 casos diários, com uma tendência de queda. Ou seja, estamos vencendo essa onda da Ômicron”, disse o ministro.
Ele afirmou também que o Brasil tem um dos maiores sistemas de saúde de acesso universal do mundo, e que a tendência é reforçá-lo, de modo que esteja preparado para um momento pós-pandemia, em que precisará tratar sequelas dos sobreviventes e lutar contra outras doenças.
“Durante o período da pandemia, foram alocados mais de R$ 100 bilhões em créditos extraordinários, em 2020 e 2021. Então se fortaleceu o sistema. Nesse período pós-pandemia, temos que enfrentar sequelas de indivíduos que tiveram Covid, se recuperaram, mas ainda têm sequelas. Temos a necessidade de atender doenças vasculares, câncer, que foram negligenciadas durante a pandemia”, afirmou o ministro.
Fonte: R7