Conselheiro volta a culpar Pedro Taques após MPF propor arquivamento de denúncia

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CAMARA VG

Ao anunciar que o Ministério Público Federal (MPF) pediu arquivamento de um inquérito da Operação Ararath que o investigava por uma possível participação em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o ex-governador Silval Barbosa e o empresário Wanderley Faccheti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antônio Joaquim, voltou a responsabilizar o ex-governador Pedro Taques pelo seu afastamento.

Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (9), o conselheiro criticou o ex-procurador da República Rodrigo Janot, responsável pela delação de Silval Barbosa e quem solicitou o afastamento de Antônio Joaquim e mais 4 conselheiros da Corta de Contas.

“Um erro irresponsável e criminoso do [Rodrigo] Janot em me indiciar sem motivos, sem nenhum fato que pudesse ensejar o meu afastamento. Poderia até abrir inquérito, mas não me afastar sem indicio nenhum, sem checar nada. Estava atendendo o desejo do seu colega, o Pedro Taques”, disse.

“Isso mudou a minha vida, me impediram de ser candidato, me transformaram em um bandido. Eu fui julgado e condenado centenas de vezes [pela imprensa] (…) foram quase 5 anos agora em setembro”, completou. Apesar disso, Antônio Joaquim elogiou a instituição Ministério Público, afirmando que existem pessoas sérias, competentes e responsáveis além de elogiar a procuradora da República Valéria Siqueira, que pediu o arquivamento do inquérito.

“Ela teve a coragem de pedir o arquivamento. Porque o Ministério Público tem que ter coragem de abrir investigação contra qualquer pessoa que seja, mas também coragem de arquivar. Porque não pode permitir que fica o tempo todo com uma faca no pescoço da gente. A gente tem a reputação estraçalhada”, pontuou.

Segundo Antônio Joaquim, o arquivamento ocorre por falta de provas. Caberá ao juiz federal Jeferson Schneider da Vara Federal de Cuiabá, decidir se acata ou não.   Para ele, o seu afastamento neste caso, foi político, já que havia anunciado em agosto de 2017 que deixaria o TCE para disputar o governo do Estado. “Por que de 200 delatados só nós 4 conselheiros fomos penalizados? Porque era um conluiu entre Janot e Pedro Taques. Duas almas maldosas”, afirmou.

 

Inquérito  

A investigação oriunda da delação premiada de Silval Barbosa em 2017,  chegou a culminar no afastamento do conselheiro Antônio Joaquim em setembro daquele ano, durante a Operação Malebolge, 12⁰ fase da Ararath.  Um dos motivos seria o depoimento de Wanderlei Torres, que disse à Polícia Federal que o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado não sabia que o dinheiro usado na compra de sua fazenda, localizada em Nossa Senhora do Livramento, era fruto de propina.

Segundo Wanderley a fazendo foi oferecida pelo conselheiro a ele no valor de R$ 10 milhões. Como não tinha dinheiro para compra-la sozinho, o empresário decidiu sugerir o negócio a Silval, seu sócio no ramo de mineração.  À Polícia Federal, ele sustentou, no entanto, que não contou a Antonio Joaquim “que parte do valor a ser pago seria de Silval Barbosa”. “Isto é, o declarante nunca informou ao conselheiro a origem do dinheiro”, diz trecho do depoimento.

A declaração contradiz o que consta na delação premiada de Silval Barbosa, segundo quem Antonio Joaquim sabia que o ex-governador era um dos compradores e que o pagamento foi feito com dinheiro desviado dos cofres públicos.

Conforme Silval Barbosa a fazenda foi comprada por R$ 10 milhões, sendo que 70% do imóvel ficaria com ele e 30% com o empresário. O ex-governador disse também que o dinheiro para pagar o conselheiro seria de propina pagas pela Trimec e a Strada Construtora por conta da licitação para gestão dos maquinários do programa chamado Patrulha de Recuperação de Rodovias, lançado em 2011.

O empresário confirmou o esquema de pagamento de propina e disse que os valores variavam entre R$ 5 mil a R$ 50 mil, totalizando mais de R$ 5,6 milhões, o que representou 10% do contrato firmado entre a Trimec e o governo do Estado.

Wanderley Torres também confirmou à Polícia Federal, entretanto, que, apesar de o preço do imóvel ter sido R$ 9,5 milhões, a escritura foi lançada com o valor de R$ 6,6 milhões, após um aditivo no contrato e a pedido de Antonio Joaquim.

Antônio Joaquim retornou ao cargo de conselheiro da Corte de Contas em fevereiro do ano passado, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu suspender os afastamentos dele e dos conselheiros José Carlos Novelli, Sérgio Ricardo, Valter Albano  e Waldir Teis.

Fonte: Gazeta Digital

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