Conheça Carla Leal, a cuiabana que decidiu morar em uma casa na árvore

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Quem passa pela praça Major João Bueno em Cuiabá encontra uma situação inusitada, uma casa improvisada montada nos galhos de uma árvore. Nesta ‘casa’, com ‘paredes’ formadas por panos velhos, colchões, paletes de madeira, várias bandeiras do Brasil e até mesmo uma tábua de passar roupas, mora Carla Leal Lima, uma cuiabana de 37 anos que, por vontade própria, resolveu sair de casa e passar os dias e noites na rua.

Bem articulada, com roupas limpas e ajeitadas, Carla se sentou em um dos bancos da praça para conversar com a equipe de reportagem do Leiagora. Segundo ela, a decisão de viver na rua surgiu no final de 2018, quando por diversas divergências em casa e no antigo trabalho, ela abandonou tudo e foi para as ruas.

Carla conta sua história

Era por volta das 9h desta quinta-feira (11) quando a equipe de reportagem foi até a praça e se aproximou da árvore onde Carla montou sua casa. Ela recebeu a equipe com certo receio.

Desconfiada, perguntou se antes da entrevista poderia tomar banho. Aceitamos e Carla nos convidou para sentar na “sala de estar”, um banco próximo à árvore. Com uma lata de achocolatado vazia, Carla foi até uma mangueira de água e se lavou, escovou os dentes e cerca de cinco minutos depois voltou pronta para a entrevista.

Ela nasceu em Cuiabá e morou junto da família durante muitos anos no bairro Pedra 90. Carla foi casada com um homem que era usuário de drogas e alcoólatra, e que segunda ela, passava dias longe de casa enquanto ela cuidava dos dois filhos pequenos, um menino e uma menina.

Logo após a morte do marido, Carla voltou a morar com a mãe e os avós. Ela cuidava dos filhos e trabalhava no setor da indústria, como ela mesma diz.

A cuiabana conta que sempre percebeu que sua mente funcionava de forma diferente, com rompantes de euforia e, em outras vezes, de desânimo. Indo ao médico, foi diagnosticada com depressão e bipolaridade, doenças que atrapalharam Carla a se manter em empregos fixos, já que ela não conseguia focar no trabalho.

Após idas e vindas de empregos, em 2019, ela decidiu pedir demissão, abandonou a família e se aventurou em Brasília. Chegando lá, sem dinheiro e emprego, ela passou a morar nas ruas da Capital Federal, lugar onde se apaixonou pela natureza e pelas árvores.

“Teve um dia que fiquei lá no fundo da Esplanada e lá tem muita árvore, muita área verde. Aí eu peguei e comecei a subir nas árvores e criei uma paixão pelas árvores. Eu sentava lá, desenhava as árvores…”.

Quando voltou para a capital de Mato Grosso, Carla decidiu não ir para casa e foi morar em uma kitnet próximo ao Ginásio Fiotão, em Várzea Grande, local onde morou junto de um namorado. Se sentindo presa dentro de casa e, devido a dívidas de aluguel, ela abandonou tudo e novamente voltou para as ruas.

“Eu fiquei cinco meses em um albergue da prefeitura, mas era muita gente. Chega gente hoje, depois sai o pessoal que já estava lá. Muita gente diferente que mora do lado da gente. Lá é bom, nunca fui maltratada lá. Eles nos recepcionam muito bem, até mais do que eu mereço. Mas sabe… esse é meu jeito. Não aguentei me adaptar naquele ritmo, tenho dificuldades para lidar com isso”, revela.

FONTE:LEIA GORA

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