Bolsonaro, “imbrochável”, busca “vacina” para conter o escândalo do “pintou um clima”

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José Cruz / Agência Bras
CAMARA VG

Certa vez o irreverente e afiado deputado Wilson Santos definiu o ex-diretor do DNIT, Luiz Antonio Pagot, como um sujeito que “pensa com a língua”. A definição de Wilson cabe como uma luva para o presidente da República Jair Bolsonaro. Muitas das confusões que arruma começam pelas próprias palavras que diz, não consegue conter a própria língua e nem a ideia de que pode falar tudo e do jeito que quiser. Acaba revelando coisas.

 

A mais recente confusão é um escândalo provocado por pensar com a língua. “Pintar um clima” é uma expressão absolutamente de cunho sexual, usada para dizer que alguém se interessou sexualmente por outra pessoa. Que diabos o sexagenário Bolsonaro, o “imbrochável”, quis dizer com “pintou um clima” quando viu e conversou com meninas de 14 anos de idade? Que clima pintou? O que quis dizer com “pintou um clima” quando descrevia o contato com meninas de 14 anos. Essa é a explicação que falta: Bolsonaro precisa explicar o dito, que clima pintou entre ele, um senhor de idade, e meninas menores de idade? Não basta, portanto, acusar o PT de exploração da declaração dele, é preciso explicação: o que é “pintar um clima” para um “imbrochável”?

 

Que diabos o sexagenário Bolsonaro, o “imbrochável”, quis dizer com “pintou um clima” quando viu e conversou com meninas de 14 anos de idade?

A polêmica começou após uma declaração do presidente a um podcast na sexta-feira, 14. Respondendo a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, ele insinuou que meninas venezuelanas têm de se prostituir no Brasil para “ganhar a vida” Bolsonaro relatou que, em 2020, estava andando de moto em Brasília quando viu meninas “arrumadinhas” de “14, 15 anos”, até que “pintou um clima” e ele pediu para entrar na casa delas.

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’, entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí eu te pergunto, menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida”, disse o presidente ao Podcast.

Em busca da vacina milagrosa

 

Inimigo das vacinas, que ironia, Bolsonaro buscou uma vacina política para conter a sangria da fala escabrosa do “pintou um clima”. O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez transmissão ao vivo na madrugada deste domingo, 16, para se defender de acusações de pedofilia. No sábado, um vídeo em que o chefe do Executivo cita meninas venezuelanas e diz que “pintou um clima” viralizou na internet, impulsionado pela oposição. Segundo ele, a fala foi tirada de contexto. “O PT ultrapassou todos os limites”, afirmou.

Na live desta madrugada, Bolsonaro afirmou que o episódio relatado por ele foi mostrado em uma transmissão ao vivo que fez em 2020. Ele disse ter mostrado “toda a sua indignação” naquela ocasião. “O PT recorta pedaços como se eu estivesse atrás de programas. Pelo amor de Deus. Fiz uma live para isso, foi demonstrado o que estava acontecendo. Que vergonha é essa? Que falta de respeito é essa? Sempre combati a pedofilia”, afirmou.

“O que eu estava mostrando com aquilo (era) a minha indignação. Aquelas meninas venezuelanas que tinham fugido de seu país, tinham fugido da fome. Estavam se arrumando para quê? Mostrei toda a minha indignação ali”, completou.

A fala original de Bolsonaro sobre as meninas gerou forte repercussão nas redes e entre a classe política. O deputado federal André Janones (Avante-MG) gravou um vídeo afirmando ser indefensável a declaração do presidente. “Não dá para defender pedofilia agora. Esse homem é casado, ele está confessando que criou um clima entre ele e uma menina de 14 anos”, disse. “Se o presidente Bolsonaro comprovar que isso é armação, que é montagem, eu renuncio ao meu mandato de deputado federal”.

Deputado pede investigação à PGR

O deputado distrital Leandro Grass (PV) encaminhou ofício à Procuradoria-Geral da República pedindo investigação sobre a conduta do chefe do Executivo. No documento, o parlamentar argumenta que “tão grave” quanto a declaração sobre ter “pintado um clima” foi o fato de o presidente ter identificado uma situação de exploração de menores e “não ter feito uma denúncia formal para as autoridades competentes”.

“Se havia algum problema por ele verificado, deveria procurar as instâncias de controle, justamente para que providências fossem tomadas. Há, na região, Conselho Tutelar ativo e que exerce seu mister com bastante competência”, diz o ofício.

FONTE:PNB ONLINE

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