No mês de outubro, fiscais da Secretaria de Ordem Pública (Sorp), da Prefeitura de Cuiabá, embargaram obras em três residências instaladas ao lado da ‘Escadaria do Beco Alto’, no Centro Histórico de Cuiabá. A suspeita é de que no local estaria havendo a exploração ilegal de garimpo. De lá para cá, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Polícia Federal, Civil e do Ministério Público do Trabalho (MPT) foram acionados para ajudar na investigação.
Os imóveis são de propriedade do advogado Cláudio Campos Araújo, que negou a existência da prática ilegal no local. Segundo ele, a ideia é construir um ‘shopping horizontal’ no local, porém nenhuma autorização ou documento que comprove a alegação foi apresentado até o momento. A partir de agora ele responde por crime ambiental, com agravantes de reincidência por ter cometido a infração em proveito próprio e não ter as devidas licenças para realização das obras no local.
O caso, que ganhou os noticiários nas últimas semanas, é fruto do menosprezo com o qual o poder público trata a região histórica, que é tombada pelo Iphan. É o que argumenta o deputado estadual Lúdio cabral (PT). “O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, que tanto brigam entre si, têm uma política em comum: a política do abandono do Centro Histórico de Cuiabá. O fato de existir lá hoje um garimpo a céu aberto, todas as casas e casarões em condições precárias, o Centro Histórico sem movimento e sem vida, é retrato desse abandono”, afirmou em entrevista ao PNB Online.
O parlamentar vai solicitar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nos próximos dias, uma audiência pública em conjunto com a Câmara Municipal de Cuiabá, com o apoio da vereadora Edna Sampaio, sua correligionária. A parlamentar acredita que pode haver uma organização criminosa por trás das ações que já causaram consideráveis prejuízos à localidade.
“Não sei por que razão nem de onde vem isso, mas sei que essa situação é criminosa e envolve ‘peixe grande’. Não é um João Ninguém que foi lá e destruiu o patrimônio histórico. Tem gente por detrás disso dando guarida para essa pessoa”, disse. Como presidente da Comissão de Cultura e Patrimônio Histórico da Câmara, ela avalia que esta é uma oportunidade para a sociedade cuiabana discutir o tema.
“Essa é uma área riquíssima, tombada pelo Iphan, um sítio arqueológico, o que dá a certificação de que somos uma cidade histórica, com um patrimônio que interessa não só à sociedade cuiabana, mas ao país. Nosso estado e nossa capital estão se tornando uma terra sem lei, onde qualquer um munido de uma arma se sente autorizado a ameaçar cidadãos pobres, que precisam garantir a sua vida e o poder público não consegue deter essa situação de banditismo”.
FONTE:PNB ONLINE