Mais de 80% dos desaparecidos em Cuiabá são pessoas que fogem de casa

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CAMARA VG

Dados obtidos pelo RepórterMT com o Núcleo de Pessoas Desaparecidas (NDP) da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, mostram que mais de 80% das pessoas que tem registro de desaparecimento na Capital, em 2023, são pessoas que fogem de casa voluntariamente.

Ao todo, foram registradas 376 ocorrências de desaparecimentos neste ano. Desses, 316 pessoas foram localizadas e estão bem, um percentual de mais de 84%. Conforme o

 

Os dados do NDP mostram que o a maioria dos casos é de desaparecimento voluntário, quando as pessoas escolhem sair. Parte desse número, pode ser explicado pelo sumiço de adolescentes, que brigam com os pais e fogem, violência doméstica e até mesmo idosos que se perdem.

 

Para a escrivã Jannaína Paula Brito de Souza Silva, o que pode justificar o sumiço das menores é por elas serem criadas com muita ‘liberdade’. “O desentendimento familiar é o maior. São adolescentes da classe baixa, é sempre uma questão social”, explica.

 

“Os pais acabam trabalhando sempre, elas não têm muito cuidados, então acabam sendo criadas com uma certa liberdade, como se fosse um adulto. Querem ter uma vida de adulto, mas sendo adolescentes. E aí começam os desentendimentos. Relacionamentos, namoros, e a maioria dos sumiços são por esses motivos”, salienta.

Jannaina continua dizendo que também há questões de abusos e violência doméstica que motivam desaparecimentos principalmente de mulheres. “Quando é o marido que registra que a mulher desapareceu, a gente já vai com cautela. Porque pode ser um caso de violência doméstica”, explica.

“A gente faz os levantamentos no sistema para ver se há uma ocorrência de Maria da Penha, se ela fez algum boletim sobre violência doméstica. Se tiver a gente vê com o pessoal da Delegacia da Mulher se ela foi acolhida. E quando confirma, a gente fala para a pessoa que a mulher não vai voltar para casa, que está bem, nem falamos que foi acolhida. É assim que funciona, e a gente nem divulga”, acrescenta.

Os números mostram também um grande aumento no desaparecimento de homens adultos em Cuiabá. Foram 234 sumiços. Para Jannaína, o que pode explicar isso é o envolvimento com o crime e problemas mentais.

“Houve uma mudança de comportamento de uns tempos pra cá. Antes quem mais desapareciam eram adolescentes, que saíam de casa por briga com a família. Elas continuam sumindo, mas agora o maior número é o de homens adultos. E são mais por envolvimento com crime, problemas mentais”, diz.

“Quando a gente vai procurar por algum idoso, sempre vamos em albergues, centros de cuidados e coisas do tipo. Já quando é algum homem adulto nós procuramos na própria delegacia, se ele não está preso, no hospital, bares, porque essa incidência é alta”, completa.

Jannaína orienta registrar o desaparecimento o mais rápido possível. “Isso de registrar só depois de 48h é coisa de filme americano, que acabou impregnando e infelizmente até mesmo alguns colegas ainda falam isso. Mas a pessoa percebeu que tem uma mudança de comportamento, já registra. Se você chega 12h e a pessoa não está, não responde mensagem, não atende ligação, já registra. É importante, o quanto mais rápido a gente conseguir localizar, melhor”, conclui.

FONTE:REPÒRTER MT.

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