O advogado criminalista Frederick Wassef mudou a versão sobre a participação dele no esquema das joias envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em nota divulgada dois dias após a operação da Polícia Federal (PF), ele negou ter conhecimento do caso e ter comprado quaisquer objetos de luxo. Já nesta terça-feira, 15, Wassef admitiu ter recomprado o relógio da marca Rolex vendido no exterior por assessores do ex-chefe do Executivo com o objetivo de devolvê-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O advogado foi um dos alvos da Operação Lucas 12:2 e teve um dos seus imóveis, no bairro do Morumbi, em São Paulo, vasculhado na sexta-feira, 11. A corporação investiga a existência de esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou em agendas oficiais. Wassef teria recuperado o relógio que o ex-presidente ganhou de presente do governo da Arábia Saudita – cravejado com diamantes e platina –, após a Corte determinar a devolução do item.
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De acordo a apuração da PF, que consta na decisão que autorizou a operação, assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Wassef recomprou o relógio no dia 14 de março e o trouxe ao Brasil no dia 29 do mesmo mês. Segundo a PF, o advogado se encontrou com o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para entregar o artigo de luxo.
E-mails aos quais a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro teve acesso mostram que Mauro Cid tentou vender esse mesmo Rolex por US$ 60 mil – o que equivale a quase R$ 300 mil. A PF acredita que o próprio ex-presidente está envolvido no esquema e teria recebido dinheiro em espécie com a venda de joias e artigos de luxo.
Wassef recomprou Rolex dado a Jair Bolsonaro e vendido por pai de Mauro Cid para entregar ao TCU
Quem é Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro e alvo da PF em ação sobre venda de joias
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: Após operação da PF, Wassef nega participação em venda de joias (Dailymotion)No domingo, 13, Wassef divulgou uma nota dizendo ser vítima de “uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos”. Ele disse que ficou sabendo da existências das joias “no início deste ano de 2023 pela imprensa” e negou ter participado de negociações. “Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda.”
A nota não menciona e tampouco nega o caso específico do Rolex, objeto por meio do qual a PF vincula o advogado ao esquema. “Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação”, disse.
Wassef admite a compra, mas não revela a mando de quem
Dois dias depois, na terça-feira, o advogado mudou a narrativa e admitiu a compra do Rolex. Em entrevista coletiva, ele disse que usou recursos próprios e que o gesto teve como objetivo devolver o objeto para o TCU. O recibo da compra, ao qual a PF teve acesso, foi mostrado pelo próprio Wassef na coletiva. O nome dele consta no documento, assim como o valor da transação – US$ 49 mil, equivalente a R$ 243 mil.
“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos, em um banco em Miami, e usei o meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo, quando eu comprei esse relógio, era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República”, afirmou na entrevista.
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Wassef admite ter comprado Rolex para devolver ao TCU, mas diz ter usado dinheiro próprio
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Wassef diz ser vítima de uma ‘campanha de fake news’, mas não nega recompra de Rolex de Bolsonaro