Com faixas de luto, comerciantes protestam contra implantação do BRT na Couto Magalhães

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Foto: Olhar Direto
CAMARA VG

Os empresários da avenida Couto Magalhães são contra a implantação do BRT na via pública, que é o coração do comércio várzea-grandense. Desde o anúncio feito pelo Governo do Estado, com intenção de iniciar as obras na região ainda em setembro, um grupo de comerciantes vem protestando contra a medida, junto ao prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat (MDB).

No último dia 1º de setembro, a Prefeitura de Várzea Grande chegou a afirmar que não deu autorização para que a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) desse inicio às obras do BRT na avenida Couto Magalhães.

No dia que as obras deveriam começar, Baracat se reuniu com o governador Mauro Mendes (União) para discutir sobre o andamento das obras do Ônibus de Transporte Rápido (BRT) na cidade e afirmou que o Estado avalia transformar a estação do antigo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em frente ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em um terminal do BRT, evitando, assim, obras na avenida Couto Magalhães.

O Olhar Direto foi até a avenida conversar com os comerciantes, que colocaram faixas pretas em frente às suas lojas, simbolizando o luto pela morte da avenida, caso o BRT seja implantado. Eles alegam que a via já não tem infraestrutura primária, e com a instalação do modal, corre risco do trânsito e passagem na avenida ficarem inviáveis, afastando os clientes.

“Eu sei que é uma coisa boa, só que aqui nessa Avenida não é uma coisa boa, por causa exatamente do nosso fluxo. A maior avenida de comércio que a gente tem em Várzea Grande é aqui na Couto. Não é obra de um mês, a gente sabe que é demorado. Olha quanto tempo eles estão fazendo a FEB. Então, assim, são coisas que para o comerciante, que eu sei que o maior lucro hoje é aqui na Couto. Isso vai parar tudo, e pequenos comércios não vão aguentar. O nosso maior fluxo é final do ano, é a hora que a gente vende mesmo, e se fechar a avenida, as pessoas vão para Cuiabá”, disse o gestor da loja Gazin, Robson Carvalho.

O empresário Luiz Simião da Silva, proprietário da Ótica Tropical e da Clínica dos Olhos, foi um dos protestantes que esteve presente em todas as reuniões com o prefeito Kalil, perdendo apenas a última, junto ao governador, na segunda-feira (4).

Segundo ele, o prefeito garantiu que não iria assinar nenhum documento e os empresários estão confiando na palavra dele.

“Começou com nosso governador querendo de qualquer maneira esse BRT aqui na Couto Magalhães. Para nós do comércio aqui, essa é a pior coisa do mundo. Ele vai matar a principal rua do comércio de Várzea Grande. Não vai trazer benefício nenhum primeiro, vai ter desemprego, vai ser o caos. É um negócio sem noção. Os comerciantes, ninguém tem interesse, eu acredito que não tem 10% que aceita o BRT aqui. Pena que nem todos estão unidos para participar das reuniões”, disse Luiz.

“Eu estou desconfiado que vai ser mais um elefante branco. Acho que vai ser só gastança, foi um desastre o VLT, e acho que o BRT vai ser outra bomba também. Tenho comércio aqui há 14 anos. As obras do VLT já afetaram muito Várzea Grande, matou a FEB, Várzea Grande foi muito prejudicada. O correto seria eles continuarem com o projeto que era o VLT, não muda nada e dá continuidade aí”, complementou.

Outro comerciante, Wilson Mendes, um dos sócios das lojas Tube Sports, acha que uma boa ideia para o BRT seria a rota indo até o Aeroporto Marechal Rondon, onde já existe uma estação abandonada do VLT. Essa é inclusive uma das propostas de Kalil para o governador.

“Eu acho que o BRT aqui para a Couto não funciona, poderia funcionar igual ia ter o VLT, até no aeroporto, pode até ser que funciona ali e se tivesse espaço, até no terminal também. Mas não tem espaço, não tem nem lógico, não tem nada para fazer isso aqui. A gente quer que dá certo, do jeito que está, que ia sair o VLT, para o BRT, mas nesse percurso ali do aeroporto, sem passar aqui, porque não tem nem lógica”, disse.

“Eu acho que para fazer isso, primeira coisa, teria que arrancar todo esse encanamento velho de água aí e colocar tudo novo. Porque sempre tem vazamento e escorre direto aqui”, completou.

“Acho que tem problemas primários antes de se pensar em mexer. E se for fazer tudo isso, é inviável para os comerciantes aqui. Se tiver que mexer na infraestrutura primária e depois fazer essa concretagem, a gente vai morrer aqui. E justamente nessa época, que é a mais esperada no Brasil todo, época de fim de ano. E outra situação é que vai começar a época de chuvas também. E também é um pedaço curto que eles querem passar o BRT, se não me engano, são 1,4 km. Aqui a gente já tem problemas com estacionamento ai vai ficar muito mais complicado. Já é bem difícil do jeito que está”, explica Lima.

“A gente solicita sim um estudo de outras opções. Não que a gente seja contra o BRT, ele é muito bom, vai ajudar muitas pessoas a se locomoverem. E tem um detalhe que Cuiabá não está mexendo nada né”, completa.


Adriana explica ainda que muitos comerciantes ainda estão arcando com dívidas da pandemia, e o baixo fluxo de clientes nesse cenário do BRT, irá acabar com o comércio na avenida. Ela também comenta sobre os vários acidentes registrados na avenida da FEB, por conta das obras e concretagem da via. “Ali é tão estreito, se acontece um acidente é porque está difícil mesmo”.

“Eu não sei nem o que dizer. Eu já era contra o VLT, ele tinha uma proposta bem mais abrangente, mas foi gasto horrores, e tem todas as máquinas paradas. Você não vê nada sair do lugar. E devido ao passado, agora com o BRT, a gente se sente totalmente inseguro. Uma coisa não vai pra frente, aí inventam outra, parece que estão só criando para desviar, porque você não vê aparecer nenhum benefício”, finalizou.

Fonte: Olhar Direto

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