Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Martins Barbosa e o coronel do exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, réus pelo homicídio do advogado Roberto Zampieri, prestaram depoimento nesta segunda-feira (22) no Fórum de Cuiabá, na primeira audiência de instrução para coletar provas das partes e os depoimentos de todas as testemunhas.
Durante o interrogatório das 16 testemunhas, os réus permaneceram na mesma sala das oitivas, sentados lado a lado. No entanto, quando chegou a vez deles, foram ouvidos individualmente e sem a presença dos demais acusados.
O primeiro a depor foi Antônio Gomes da Silva. Durante seu depoimento, ele admitiu ser o autor dos dez tiros que resultaram na morte do advogado, mas afirmou que nem Hedilerson nem o Coronel tiveram qualquer envolvimento no crime. Ele também isentou o produtor Aníbal Laurindo, de 74 anos, indiciado neste mês como o principal mandante do assassinato do advogado.
Ao ser questionado pelo advogado de defesa sobre quem seria o mandante do crime, disse que iria revelar apenas no Tribunal do Júri, por temer por sua vida e saber com quem estava mexendo.
“Doutor, em garantia da minha vida, eu prefiro não falar porque sei com quem estou mexendo. Rechaço a participação do Hedilerson, do Coronel e de Aníbal”, disse, emendando ainda que foi coagido pelos delegados da Polícia Civil que estavam à frente da investigação.
Ele declarou que Hedilerson, dono da arma, não tinha conhecimento do plano para assassinar o advogado e também não sabia que sua arma seria usada no crime.
“Eu envolvi ele porque estava sendo pressionado”, afirmou. Segundo a denúncia do Ministério Público, o trio havia planejado matar o advogado a marretadas. No entanto, devido a demora de Antônio em tirar o plano do papel, planejaram outro medo.
Antonio relatou ao juiz, aos advogados e promotores que convidou Hedilerson de Minas Gerais para Cuiabá na intenção de utilizar sua arma, uma vez que ele possuía o Certificado de Registro de Arma de Fogo (CAC). Mas tudo isso, sem o conhecimento do seu amigo”.
“Como ele pode viajar o país todo, eu vou aproveitar essa vinda dele porque eu fiquei sabendo que [CAC] pode levar a arma sem estar municiada. Ele não sabia que eu ia usar essa arma aqui”, disse. Ele disse que pegou a arma para cometer o crime enquanto o amigo estava no banho.
Acusados negam crime
Hedilerson, por sua vez, negou a participação nos crimes e as acusações, afirmando que se tivesse envolvimento, não utilizaria a própria arma. Ele declarou que só ficou sabendo da utilização das armas após o fato.
Também negou que tenha vindo a Cuiabá exclusivamente para trazer a arma para o assassinato, e disse que veio à capital para um torneio de tiro. Ele relatou que, um dia antes de embarcar para Cuiabá, foi à Polícia Federal para entender os trâmites de transporte da arma.
Em seu depoimento, o coronel negou que tivesse fotos do escritório de Zampieri em seu telefone e documentos dos processos nos quais o advogado atuava. Ele afirmou que nunca ouviu falar no nome do advogado Zampieri. E disse também que falava com Aníbal frequentemente e que a relação entre os dois era somente sobre política.
“[Eu] falava com o Aníbal frequentemente. O Aníbal era uma pessoa muito engajada, politizada. Falava com ele quase todos os dias”.