Bombeiros apagam fogo próximo ao Centro de Eventos que emaçava casas e condomínio

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Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto
CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

Com uma carreira de sucesso que já perdura 12 anos “salvando empresas”, o advogado Euclides Ribeiro, especialista em recuperação judicial, irá lançar oficialmente sua candidatura ao Senado no dia 12 de setembro, durante convenção do Avante. Figura nova na política, ele tentou lançar candidatura avulsa no início do ano, mas temendo entraves jurídicos optou por construir um arco de aliança que pretende reunir tanto partidos de esquerda como os de direita. “Porque isso é só uma forma de rotular para criticar”, explica.

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Esta semana, Euclides conversou com o Olhar Direto sobre sua recente trajetória na política, que passa por duas “quase” candidaturas – uma pelo Novo e outra avulsa – e explicou porque, em suas palavras, resolveu “sair do sofá e participar do debate”.

Confira:

OD – O senhor é um advogado renomado na área em que atua, o que o motivou a encarar esse novo desafio?

ER – Acredito que temos que colocar pessoas novas na política. Sempre fui acostumado a criticar, mas ficava no sofá com controle remoto na mão reclamando. Quando resolvi participar, descobri que precisava estar filiado. Não tive a oportunidade de me candidatar pelo Novo. Compus uma chapa, passei nos exames, nas seletivas e na composição de chapa eu não concordei com a deliberação que eles queriam impor pela cúpula do partido. Sem problema, sem mágoas, tenho ótimos amigos lá, mas resolvi seguir o meu caminho. Então eu fui convidado pelo presidente nacional do Avante, que me deu total autonomia para que eu pudesse colocar minhas idéias, dentro da minha consciência, de forma livre, sem precisar estar preso a alguma ideologia. Daí, para não criar nenhum risco jurídico de não ter uma candidatura eu optei por fazer uma coligação. Mas não nego que ainda defendo a possibilidade de se ter uma candidatura independente.

OD – E, já que o senhor é uma figura nova no cenário político, quais são suas bandeiras?

ER – Não quero falar sobre direita ou esquerda, porque isso é só uma forma de rotular para criticar. Todas as idéias postas na mesa, no final da linha, vão culminar um pouquinho pra direita, um pouquinho pra esquerda, mas o racional é o mesmo para todos. A minha pauta é contra a corrupção, contra a politicalha, o coronelismo e a velha política de Mato Grosso. Esta é minha bandeira. Veja que nossos “novos” líderes são todos parentes ou filhos de políticos. Por que isso? Vamos acabar que agora acabamos com a cleptocracia, com o roubo desvairado, para criar uma nova forma de fazer política: acabando com o monopólio da comunicação, acabando com o monopólio partidário, acabando com essas propagandas caríssimas. Hoje você faz propaganda com o celular na mão, então temos que aproveitar essa revolução da comunicação.

Você é liberal, de esquerda, direita, centro? As idéias não podem ser canalizadas sobre um único aspecto. Se eu for liberal eu posso permitir que os bancos cobrem o que quiserem e que o mercado regule isso? Posso olhar para Acorizal e dizer que não vamos mais investir lá e quem morar lá que morra de fome? Porque lá não tem indústria, não tem tanta riqueza, então devo deixar o Estado longe de tudo? Acabar com a educação, a saúde pública? Isso é ser liberal, é quase anárquico. Eu quero permitir que o liberalismo seja extremado? Eu defendo alguns pontos do que o Paulo Guedes fala, como por exemplo quando ele diz que somos 200 milhões de otários comandados por cinco bancos, duas distribuidoras e uma exploradora de petróleo e cinco trades. O processo liberal que permitiu que fossem criados oligopólios de bancos, de trades, de fornecedores insumos, esse projeto concentrou a riqueza na mão de pouquíssimas pessoas. Deixar que isso se forme é ser liberal, mas nós não precisamos sofrer desse jeito, o Estado precisa vigiar.

OD – Podemos classificá-lo como mais um dos candidatos bolsonaristas?

ER – Bolsonaro é um patriota. O que ele fez pelo Brasil já dá a ele uma credencial de ser alguém que rompeu com todas as barreiras para que possamos acabar, liquidar essa classe política existente. Os políticos não nos representam, nós temos que extirpar essa política velha, fisiológica, de troca de favores, de apadrinhamento… E ainda tem muita coisa a ser feita, mas o Bolsonaro merece uma crítica por conta de sempre polarizar. É hora de nos unirmos, não podemos ficar a vida inteira separando as pessoas. Eu quero poder pegar tudo que tem de bom do Bolsonaro e misturar com outras correntes de pensamento.

OD – E qual a avaliação que o senhor faz dessa mudança de tom no discurso do presidente, que passou a defender uma agenda assistencialista?

ER – Equilíbrio fiscal é fundamental. Agora, qual ser humano em um País com 70 milhões de pessoas devendo, sem dinheiro até pra comer, iria negar um dinheiro, uma assistência emergencial? O teto de gastos é importante, mas entre respeitar o teto e dar de comer para a população como fez o Bolsonaro, eu fico com o presidente. Tem gente que fala que o Bolsonaro agora ta agindo como políticos de esquerda, que quem inventou isso foi o Lula através do Bolsa Família, mas não é nem um nem outro, ele tomou uma decisão racional. Se estourar o teto de gastos, vê depois como é que fica. Eu fico do lado humanitário.

OD – O senhor acha que este deve ser o novo perfil da gestão do Governo Federal?

ER – Os fatos trouxeram durante a pandemia uma realidade diferente para todos nós. E não adianta brigarmos uns com os outros agora, a convergência tem que acontecer, temos que parar de dizer que esquerda é tudo maluco e ladrão e que os de direita são todos liberais neofascistas. Chega dessa história. O Brasil é um País só e nossos inimigos não estão aqui dentro. Bolsonarista é quem é patriota. Se eu sou bolsonarista ou não por essa afirmação, os eleitores é quem vão definir. Eu não quero dizer que sou de direita ou de esquerda, mas uma pessoa de idéias novas que vão atingir resultados. Quem quiser rotular que o faça.

OD – E quanto à gestão do governador Mauro Mendes, aqui em Mato Grosso, qual a avaliação do senhor?

ER – O modelo está errado. Mas isso não quer dizer que ele não está trabalhando para tentar melhorar, ele tem feito a parte dele razoavelmente dentro desse sistema caótico. Mas o problema é estrutural. Não se pode dizer que ele fez tudo certo, mas fez o que pôde dentro do sistema político, econômico e sanitário que estamos vivendo.

OD – Dentro desses ideais que o senhor pregou, como deve ser construído seu arco de aliança?

ER – Eu não deixei de conversar com nenhum partido que me procurou. Com a desistência do Pivetta, já liguei para o vice-governador para pedir inclusive o apoio dele e saber quais idéias temos em comum para podermos marchar juntos, se assim for o caso. Então, já temos uma aliança firmada com o Pros e estamos conversando com o Solidariedade, PDT, PTB, PR, PSL, DC, PSB e PSC. Não definimos suplências e ainda temos alguns dias até a nossa convenção, que será no dia 16 de setembro. Esse nome deve sair desses partidos que citei.

OD – Qual a avaliação que o senhor faz dos nomes que já foram divulgados e que devem ser seus oponentes nas urnas?

ER – Vejo que a eleição, hoje, está polarizada entre o candidato dos barões do agro [Favaro], um bolsonarista [Medeiros],e a coronela [Fernanda], que não sei se é efetivamente apoiada pelo presidenteMas o presidente declarou apoio a ela.

OD – Mas o presidente participou virtualmente da convenção da coronel!

ER – E quantas pessoas tinham lá, você viu? Tem que saber até que ponto ele vai participar disso daí. Não sei se vinga, mas é ela que tem que vingar. A proposta dela é bater continência para o Bolsonaro? Vamos entender o quanto isso pode ajudar Mato Grosso. Mas quem sou eu para dizer a vontade do presidente? Acredito que ter o apoio do Bolsonaro é importante em qualquer caso, mas se os três estão pedindo e ele está reticente, temos que entender o que o Estado ganha com isso. Eu apoio ele, se ele apóia outro candidato ou a mim futuramente isso não muda.

OD – E quanto aos demais candidatos?

ER – Para mim, o Fávaro é do sistema financeiro. Tivemos a possibilidade de diminuir juros de 300%, ele foi lá e votou contra. Tivemos a oportunidade de permitir que o produtor rural faça recuperação judicial, ele foi lá e colocou uma emenda pra tirar isso. Tivemos a possibilidade de melhorar nossa produção de algodão, ele foi lá e pediu R$ 6 bilhões para 3 grandes produtores. Então, ter um senador trabalhando para um grupo de empresários financistas não é bom. Ter mais um defensor de banco, na minha visão, não faz bem para Mato Grosso.

Leitão é mais um dos antigos. Não o conheço, não vi resultados do trabalho dele, porque ele serve a um sistema político que está falido.

Medeiros é um bom nome e um bom deputado. Mas acredito que deveria continuar atendendo para aquilo que foi eleito: um deputado que defende o Bolsonaro. Por que vai abandonar o posto?

Reinaldo é um empresário que ao meu ver não deve passar da convenção.

O PT eu sou contra, quero ficar longe deles, esquecer que já tivemos uma sigla com tanta corrupção. Mas, ainda assim, quem quiser conversar e tratar de bases temos que abrir diálogo. Eu não vejo eles com possibilidade de coligar, mas qualquer pessoa que tenha votado em PT, Psol, “P qualquer coisa”, é bem vindo desde que apóie a nossa idéia, que venha.

O PSL hoje em Mato Grosso não tem comando e deve usar o dinheiro da verba partidária para fazer política. Isso é a velha política ocupando espaço novamente.

OD – O senhor destacou essa questão da verba partidária. Como vai funcionar o financiamento da sua campanha?

ER – Temos que acabar com essa historia de fundo partidário. Pegar dinheiro seu para defender idéia dos outros não faz sentido. Coloque sua idéia e seu capital, não dos outros. Outra coisa é permitir sim as candidaturas independentes. Qual o problema de deixar alguém correr por fora? Eu vou me auto financiar dentro daquilo que eu puder, dentro do que permite a legislação eleitoral, e o que eu não puder vou pedir doações.

OD – O senhor acredita que terá dificuldades em tocar a campanha, tendo em vista a pandemia? Pretende rodar o Estado?

ER – Com avião, normal, em eventos com até 200 pessoas. Não devo abrir mão do corpo a corpo, mas considerando todos os riscos e as normas determinadas pelo Ministério da Saúde. E também no digital, que será a nossa chance até de fazer uma campanha mais modesta, sem aqueles investimentos abissais em propaganda de televisão.

OD – Se eleito, o senhor já sabe quem serão seus colegas no Parlamento: Jayme Campos e Wellington Fagundes. O que acha da atuação deles?

ER – Eles fazem parte de uma política que precisa ser renovada. Tão há quase 50 anos no poder. O que nós estamos fazendo na mão dessa gente? Nós temos que tirar essas pessoas de lá para nós entrarmos.

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