Fonte: Olhar Direto
Olhar Direto está no Pantanal onde acompanha o árduo trabalho desempenhado por bombeiros e voluntários para tentar apagar o fogo que devasta o bioma mato-grossense e que já queimou mais de um milhão de hectares. Nos relatos e vídeos do repórter fotográfico, Rogério Florentino, é possível notar as dificuldades enfrentadas e os improvisos feitos por aqueles que lutam diariamente contra o avanço do fogo.
Um dos principais problemas enfrentados por bombeiros e voluntários na região do Pantanal é o de comunicação. As equipes tem dificuldade de se falarem umas com as outras, o que dificulta na mobilização. Outra questão é que o número de pessoas que lá estão é insuficiente para a quantidade de focos.
Como a mata é bastante fechada, os combatentes precisam abrir caminho na ‘mão’, utilizando facões para abrir passagem até os focos. O calor é muito grande no meio da mata e os relatos mostram que a fumaça atua como uma bomba de gás lacrimogênio, dificultando a respiração e causando ardência nos olhos.
Muitos do que lá estão para tentar conter o avanço do fogo também não dispõe da proteção necessária e estão sujeitos a todas as complicações causadas pela inalação de fumaça. Além disto, a reportagem também se deparou com diversos equipamentos improvisados, como vassouras, para apagar as chamas.
Outro grande se dá por conta da biomassa densa que existe no Pantanal. Como ela é bastante profunda, isso faz com que o fogo chegue ao subsolo. Sendo assim, mesmo extinto na superfície, a chama continua por baixo da terra, segue por alguns metros e, assim que um vento mais forte sopra qualquer fagulha no mato seco, um novo foco se inicia.
Além dos bombeiros, muitas pessoas das comunidades próximas estão ajudando no combate às chamas. Equipes ficam 24 horas patrulhando as pontes de madeira da Transpantaneira, molhando-as, para que não peguem fogo.
A infestação de formigas e carrapatos também é outro problema que quem entra no meio do mato tem que lidar. A sensação que fica para quem acompanha o trabalho de perto é que o fogo só será extinto com a chegada da chuva no Pantanal.
Um milhão de hectares queimados. Este foi, até agora, o estrago causado pelo fogo no Pantanal, segundo o secretário executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo (CGF), Paulo André da Silva Barroso. Devido a tamanha extensão da tragédia, não há nem como estimar o número animais mortos no bioma mato-grossense.
Para tentar frear ainda mais o avanço das chamas, o governo passa a testar o uso de retardantes para controlar os incêndios florestais.
O Governo do Estado vai decretar, ainda nesta segunda-feira (14.09), estado de calamidade por conta dos incêndios florestais. A medida permite dobrar a estrutura para a prevenção, combate e autuação dos incêndios florestais em Mato Grosso, especialmente na região pantaneira.
Mendes ressaltou que o Governo do Estado templanejado e atuado nessa frente desde março, sendo que hoje há em torno de 2500 profissionais envolvidos no combate, “das forças de Segurança, da Defesa Civil, dos Bombeiros, voluntários e até no Exército Brasileiro”. Além disso, mais de R$ 22 milhões, de recursos próprios, já foram investidos para o combate às queimadas neste ano.
De acordo com o governador, as circunstâncias climáticas têm colaborado para que os incêndios tenham tomado grandes proporções.
“Estamos em um período de longa estiagem, são mais de 100 dias sem chover em Mato Grosso. A umidade relativa do ar está baixa e em algumas regiões abaixo de 10%. É uma umidade comparada a deserto. Isso cria condições para que esses incêndios possam ocorrer e aí resulta nessas imagens que todos nós estamos vendo”.
Também será permitido o uso de retardante para controlar o fogo. A utilização da substância já foi testada pelo Corpo de Bombeiros e aprovada pela equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente.
Mendes reforçou a política de Tolerância Zero para quem causar incêndios de forma criminosa. Somente de janeiro a agosto, já foram aplicados R$ 107,3 milhões em multas pelo uso irregular do fogo e R$ 805 milhões por desmatamento ilegal.
Outra ferramenta que tem sido usada é o sistema de monitoramento via satélite, que detecta os focos de calor quase em tempo real. Com esses dados, já foi possível realizar perícia em várias regiões aonde ocorreram incêndios, inclusive o Pantanal.
Recentemente já foram divulgados os dados que comprovaram que os incêndios ocorridos nos 40 mil hectares da reserva particular, em Barão de Melgaço (Sesc Pantanal), na Fazenda Espírito Santo, Rodovia Transpantaneira e na Fazenda São José, foram provocados por ação humana.
Os casos já estão sob investigação da Delegacia de Meio Ambiente (Dema) para punir os responsáveis.