Fonte: Olhar Direto
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) alertou que o projeto de hidrovia do Rio Paraguai coloca em risco o Pantanal. A proposta da hidrovia prevê alterar o curso do rio, tornar o leito mais profundo e aumentar a velocidade de escoamento da água para permitir a navegação de grandes embarcações de carga, principalmente para transporte de soja. Com isso, o ciclo das águas no Pantanal seria alterado, pois o Rio Paraguai é o principal rio que alimenta o bioma.
A fala de risco ao bioma, colocada por Lúdio, foi rebatida por Carlos Avalone (PSDB). Segundo o parlamentar, quem é contra o desenvolvimento sempre vai criticar. E ainda lembrou que desde a época que Dante de Oliveira era governador já existia quem criticava.
“É uma pena de quem não concorda com a Hidrovia Paraguai-Paraná sair sempre com esse discurso. Parece que estou vivendo a época do Dante, quando houve a paralisação da hidrovia depois que estava com tudo pronto. Agora voltam com o mesmo discurso. Em Mato Grosso do Sul tem hidrovia, e lá pode. Aqui não pode? Lá é o Pantanal do mesmo jeito que aqui. Não há problemas nenhum ter hidrovia. Querer acabar com o projeto é um absurdo”, disse o deputado tucano.
Lúdio defende que seja fomentada a navegação turística no Rio Paraguai e o ecoturismo no Pantanal. “O Rio Paraguai sempre teve navegação e é importante que a navegação histórica continue. Eu quero ver chalana e ecoturismo no Rio Paraguai. O ecoturismo depende desse modelo de navegação. Mas não podemos aceitar o modelo de navegação que exige destruição do leito do rio, que é o que o projeto de hidrovia prevê, para permitir o escoamento das grandes cargas de soja”, afirmou.
Para Avalone, esse projeto do deputado é ultrapassado, assim como a fala dele em evitar o transporte de carga pelo rio. “Vamos fazer de tudo para fazer o desenvolvimento chegar, mesmo com as forças quem tentam quebrar o desenvolvimento. É um discurso atrasado de pelo menos 30 anos”, concluiu Avalone.
Em audiência pública sobre as queimadas do Pantanal realizada em setembro, Lúdio Cabral reuniu diversos pesquisadores e cientistas, que apontaram a hidrovia como uma das graves ameaças ao Pantanal. Além disso, os pesquisadores explicaram que as hidrelétricas, o desmatamento e a expansão das grandes monoculturas nas nascentes e margens dos rios que alimentam o Pantanal já provocaram alterações no ciclo das águas, com grandes estragos para o bioma. Tudo isso agrava a seca, e uma das consequências é o aumento do fogo descontrolado no Pantanal.