Superar preconceito é desafio para prevenir câncer de próstata

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CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

Novos tratamentos e técnicas modernas de diagnóstico não conseguiram tirar dos homens o medo e o preconceito em relação ao câncer de próstata, o segundo tipo de câncer que mais atinge o público masculino depois dos tumores de pele. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil terá, em 2020, quase 66 mil casos de câncer de próstata, que resultarão em aproximadamente 15.600 mortes.

Mesmo diante de números tão altos e de uma avalanche de informações e campanhas sobre o assunto, como o Novembro Azul, a maior parte do público masculino não se consulta ou se previne como deveria. Duas situações ainda os assustam em relação ao tema: o exame de toque e a possibilidade de impotência sexual a partir do tratamento.

Mesmo com o exame sanguíneo de PSA (sigla em inglês para Antígeno Prostático Específico), o exame físico ou exame de toque ainda é fundamental para a detecção de um tumor na próstata. “O procedimento é rápido, dura em média 10 segundos, é indolor e não traz riscos à saúde. O problema é somente o preconceito de parte dos homens, que associam o exame a questões sexuais e homossexuais”, ressalta o oncologista da Oncolog, André Crepaldi.

“É grande o tabu e o medo, por desinformação ou machismo. Isto está presente em todas as camadas sociais, inacreditavelmente, até mesmo entre médicos, que também são pegos de surpresa pela doença porque não se cuidaram”, destaca o especialista.

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), realizada em 2017, indica que 21% do público masculino acredita que o exame de toque retal “não é coisa de homem”. Considerando aqueles com mais de 60 anos, o grupo de maior risco, 38% disseram não achar o procedimento relevante.

Em homens com idade mais avançada, em geral acima dos 60 anos, é natural o aumento da próstata. No entanto, esta condição não é desculpa para deixar de lado os exames preventivos, que devem ser feitos a partir dos 50 anos periodicamente.

Impotência

Outro temor masculino, a partir do diagnóstico positivo para a doença, são as consequências do tratamento que podem gerar disfunção erétil, possibilidade que fica maior dependendo da idade do homem. A literatura médica aponta que metade dos homens com bom desempenho sexual antes do tratamento do câncer de próstata ainda terá uma boa função após o tratamento da doença. Outros homens apresentarão disfunções moderadas a severas, mas a maioria tem apenas uma pequena perda da função sexual, que muitas vezes volta ao normal dentro de alguns meses após o tratamento.

“É importante lembrar que o risco da impotência aumenta com a idade mais avançada do homem. Muitos homens já apresentam disfunção erétil pela idade, que pode sim ser agravada devido ao tratamento”, explica André Crepaldi.

O tratamento para este tipo de tumor nos casos iniciais está cada vez mais avançado e menos invasivo. Consiste em cirurgia ou radioterapia, ou a combinação dos dois. O avanço tecnológico faz com que as radioterapias sejam cada vez mais localizadas e eficientes, provocando menos danos. A impotência, quando acontece, depende da faixa etária e pode chegar a 20% dos homens, mas ela pode ser revertida com tratamentos, medicação e técnicas. Na cirurgia, técnica como a cirurgia robótica, tem trazido menos efeitos colaterais aos pacientes.

Alguns números e dados sobre o diagnóstico e tratamento da doença:

– Aproximadamente 62% dos casos de câncer de próstata diagnosticados no mundo são feitos em homens com 65 anos ou mais
–  Apesar de um histórico familiar de câncer de próstata dobrar as chances de ter a doença, 1 em cada 6 homens serão diagnosticados com câncer de próstata
– Devido a fatores genéticos, os homens negros são 60% mais propensos a terem câncer de próstata e possuem 2,4 vezes mais chances de morrer da doença
– O câncer de próstata é um dos cânceres mais assintomáticos, ou seja, nem todos os homens manifestam a doença. Muitas vezes os sintomas podem ser confundidos ou atribuídos a outras patologias
– O exame de PSA é mais eficaz quando é feito concomitante ao toque retal e a avaliação dos fatores de risco do paciente.
– O aumento da próstata acontece com a maioria dos homens à medida que envelhecem e esta condição não aumenta o risco de câncer de próstata.
– A prevenção é fundamental. Se o tumor for diagnosticado em estágio avançado, as chances de sobrevivência são pequenas, apenas 30% dos atingidos estarão vivos após cinco anos.

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