Último a falar durante a audiência pública sobre a troca do VLT na Assembleia Legislativa (ALMT), o procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges, afirmou que o Ministério Público Estadual (MPE) não questiona decisões políticas, mas que irá fiscalizar as questões técnicas para a implantação do BRT em Cuiabá e Várzea Grande.
“O MPE vai respeitar a decisão política e a legitimidade dos senhores deputados e do governador e, tecnicamente, fiscalizar aquilo que não é da cabeça do administrador”, declarou.
Apesar de nãocondenar a conclusão do VLT, Borges lembra que o MPE questionou a escolha do modal pelo ex-governador Silval Barbosa (sem partido), quando o projeto do BRT já estava em andamento, e que, anos depois, o ex-gestor se tornou delator e confirmou que tal decisão gerou corrupção na assinatura do contrato com o Consórcio VLT.
“O MPE foi técnico, nós não insurgimos contra a escolha política do então governador, mas não daria tempo de terminar até a Copa. Infelizmente tem esses vagões praticamente apodrecendo no sol e chuva, e houve investimento. Agora, depois de nove anos, o atual governo faz um estudo técnico e diz que a melhor opção é o BRT. O governante, apesar do mandato, não tem direito de escolher aquilo que dá na sua cabeça, tem que ser com estudo técnico. Temos que respeitar os profissionais técnicos. O governador trouxe essa tese com estudo técnico de uma empresa especializada e os senhores deputados já autorizaram a mudança do modal. O que nós temos agora é uma questão judicial, em que a Prefeitura de Cuiabá está se insurgindo e até o presente momento, perdendo”, ressaltou.
Sem citar nomes ou situações específicas, o chefe do MPE ainda questionou o prolongamento do debate sobre qual modal é melhor, apenas por questões políticas. Defendeu a união de todos os agentes, para dar um transporte público de qualidade aos usuários.
“A eleição acabou e vamos todos os poderes trabalhar pelo bem da população e daqui dois anos se discuta novamente as melhores propostas. Já há um esgotamento da população, pois fica nessa discussão, muitas vezes, irracional. Mas o debate aqui, tirando algumas exceções, foi muito produtiva, principalmente dos vereadores”, completou.
Também em sua fala, Borges citou o ex-governador Pedro Taques (Solidariedade), que não conseguiu avançar na solução para o VLT. “Houve a oportunidade de o ex-governador Pedro Taques vender esses vagões por R$ 300 milhões para a Colômbia e não quis enfrentar essa situação. É importante que tenha essa coragem, que se faça o debate. Mas o que a população quer é que, efetivamente, tenhamos um bom transporte”.