A explosão de casos de síndrome gripal em algumas regiões do Brasil fez crescer também a procura por testes de Covid-19. Em muitos casos, os chamados testes rápidos de antígeno — muitos deles realizados em farmácias — têm sido a solução encontrada para quem deseja saber se os sintomas estão associados à infecção pelo coronavírus.
Todavia, esse tipo de exame tem maior risco de apresentar resultado falso negativo quando comparado ao RT-PCR, que requer análise laboratorial e é considerado o padrão ouro no diagnóstico de Covid-19.
“Os resultados positivos dos testes de antígeno são altamente precisos, mas há uma possibilidade maior de falsos negativos; portanto, os resultados negativos não descartam a infecção”, ressalta a FDA (agência de controle de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos).
Esses testes imunocromatográficos utilizam uma espécie de cotonete (swab) que retira secreção do nariz ou da garganta. A amostra é colocada em um tubo com um reagente.
A mistura é posteriormente levada a um pequeno dispositivo descartável, que vai mostrar o resultado após cerca de 15 minutos. O teste é positivo se uma linha colorida aparecer nas seções C e T.
Na Nota Técnica 7/2021, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) adota tom semelhante ao do órgão regulador estadunidense.
“Dada a sensibilidade esperada dos TR-Ag [testes rápidos para pesquisa de antígeno], um resultado negativo não exclui necessariamente uma possível infecção, e informações clínicas e epidemiológicas também devem ser levadas em consideração para orientar a implementação de medidas de saúde pública. Se disponível, o teste molecular [RT-PCR] pode ser cogitado para pacientes sintomáticos com antígenos negativos, particularmente em pacientes prioritários/de alto risco, dependendo dos critérios clínicos e epidemiológicos.”
Diferentemente de outros países, a agência brasileira não autoriza que esses testes sejam vendidos para uso em casa por considerar que a extração da amostra e a análise do resultado precisam ser feitas por profissional com conhecimento.
Além disso, a notificação dos casos às autoridades sanitárias também precisa ser feita, o que seria inviável em um ambiente doméstico.
A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) reforça, entretanto, que os testes rápidos de antígeno podem ser essenciais em ambientes onde os testes RT-PCR não estão disponíveis ou são limitados, ou ainda quando se requer um resultado mais rápido.
“Sua utilização deve ser priorizada para casos suspeitos leves ou ambulatoriais e, eventualmente, para contatos de pacientes confirmados. Seu uso em outros tipos de processos, como nos aeroportos ou outros pontos de entrada e na busca de casos assintomáticos, não é recomendado atualmente pela Opas”, esclarece a nota da Anvisa.
Os testes de antígeno também são admitidos em ações de controle epidemiológico, quando há necessidade de saber se há um surto em determinada localidade.