O concurso da Segurança Pública de Mato Grosso passa por nova polêmica após a Justiça Federal determinar que a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) corrija um erro e aplique uma nova prova a uma candidata mais de um mês após a realização do certame. Foi determinada ainda a suspensão da homologação final do certame para o cargo de investigador da Polícia Civil.
As provas foram realizadas em 20 de fevereiro. No entanto, Isabela Alves Brito, que disputava um cargo como investigadora da Polícia Civil, entrou na justiça contra a UFMT porque não conseguiu fazer a prova por um erro da instituição e pediu indenização por dano moral e material de R$ 70 mil.
O juiz federal Mauro César Garcia Patini acolheu a solicitação da candidata e proibiu a homologação do certame para o cargo de investigador da Polícia Civil. Determinou também que a prova seja realizada até 9 de abril.
A decisão, contudo, não suspende o andamento do concurso para outros cargos, podendo a UFMT dar prosseguimento ao certame na forma do edital. O concurso ocorreu para preencher 11 cargos diferentes destinados à Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Judiciária Civil e Politec (Perícia Oficial Técnica).
De acordo com a candidata, no dia 14 de fevereiro haveria a divulgação, em lista aberta, dos locais e horários de realização da prova objetiva e dissertativa. Ela teria consultado seu CPF no dia 16 de fevereiro, no site da UFMT, no entanto, constou que ela não estava inscrita para o concurso. Na mesma data, ela encaminhou e-mails em busca de solucionar o impasse, mas não houve respostas.
Concurso polêmico
O concurso da Segurança Pública de Mato Grosso foi alvo de diversas denúncias de irregularidades, inclusive de que teria tido a prova vazada mais de um mês antes da sua aplicação. Mesmo antes dessa denúncia, o concurso já era alvo de pedido de anulação no MPE (Ministério Público do Estado).
Entre os fatos que precisaram ser apurados, constavam:
- pagamento realizado sem identificação no sistema, com exclusão indevida do candidato na lista de divulgação do local de prova;
- candidato que fez o pagamento e não lhe foi permitido realizar a prova, sob a justificativa de limitação de idade;
- problema de identificação de candidatos na prova (ausência de coletor de digitais);
- uso de equipamentos eletrônicos em sala e no banheiro;
- inexistência de fiscalização para o porte indevido de equipamentos eletrônicos;
- prisão de um cidadão na cidade de Cáceres por suspeita de estar realizando a prova no lugar de candidato inscrito;
- fotos circulando nas redes sociais de imagens da sala de aula.
Além disso, quatro pessoas foram presas, entre elas, um professor de cursinho, que também é agente penitenciário. Ele foi flagrado tentando fraudar a prova, em Cáceres, usando documentos de um candidato que fazia a prova em outra sala. Além deles, outros dois candidatos foram detidos após o professor confessar que também faziam parte do esquema.
TCE mantém homologação
O conselheiro Sérgio Ricardo, do TCE-MT (Tribunal de Contas de Mato Grosso), autorizou em 16 de março a homologação do concurso. Segundo ele, não havia elementos de convicção que demonstrassem, com segurança, a ilegalidade ou a inconstitucionalidade dos atos praticados no certame.
O que diz a UFMT
O Primeira Página entrou com a UFMT e com a Sesp, no entanto, ambas não haviam se posicionado até a publicação desta reportagem.
Fonte: Primeira Página