Suspeito do desaparecimento de jornalista inglês e indigenista denuncia tortura ao ser preso

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CAMARA VG

O pescador Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, informou em audiência de custódia na última quinta-feira (9) que sofreu violência de autoridades policiais quando foi preso. Ele está detido por suspeita de envolvimento no desaparecimento do indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que foi colaborador do jornal The Guardian.

A Defensoria Pública do Amazonas, que faz a defesa do pescador, confirmou a informação, informando que, durante a audiência, a defensora pública solicitou que o relato fosse investigado. “A juíza Jacinta Silva dos Santos determinou que o Ministério Público do Estado apure os eventuais maus-tratos e/ou tortura”, informou a defensoria.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), por sua vez, afirmou que “os relatos de suposta agressão serão devidamente apurados” e frisou que “todas as ações do sistema de segurança do Amazonas são pautadas pela legalidade e que não compactua com desvios de conduta”.

Bruno e Dom estão desaparecidos desde o último domingo (5), depois de terem ido a uma comunidade ribeirinha. Eles deveriam ter chegado na tarde do mesmo dia à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, mas, depois de terem entrado no barco que utilizaram, não foram mais vistos.

Na segunda-feira (6), a Coordenação da Organização Indígena (Univaja) informou que os dois estavam desaparecidos havia mais de 24 horas e que faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Na quinta-feira (9), a Justiça do Amazonas decretou a prisão temporária de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, por suspeita de envolvimento no desaparecimento de Bruno e Dom.

Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal (PF) informou que fará exames de material genético para saber se os DNAs do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo são compatíveis com os vestígios de sangue encontrados na lancha do pescador Amarildo da Costa de Oliveira, que foi visto seguindo o barco onde estavam os dois homens desaparecidos.

Além disso, a corporação informou que as equipes que atuam nas buscas pelo jornalista e pelo indigenista localizaram material orgânico aparentemente humano no rio Itaquaí, o último local em que os dois foram vistos. O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal fará uma perícia.

A PF já coletou materiais genéticos de referência de Dom, em Salvador, e de Bruno, no Recife. “Os materiais coletados serão utilizados na análise comparativa com o sangue encontrado na embarcação. Os órgãos federais e estaduais reforçam o compromisso com a elucidação dos fatos e se empenham para que haja o retorno quanto antes dos senhores Bruno Pereira e Dom Phillips para seus entes queridos”, afirmou o órgão, em nota.

Também na sexta-feira (10), a porta-voz do Alto-Comissariado da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, pediu urgência às autoridades brasileiras e que “redobrem” seus esforços para encontrar Bruno e Dom. Ela afirmou que a resposta inicial foi “lenta” em relação ao desaparecimento dos dois e que “o governo precisa empregar todos os esforços possíveis para ajudar a localizar esses dois homens”.

“Agora, saudamos que após decisão judicial as autoridades tenham empreendido mais meios para procurar esses dois homens. Mas, inicialmente, a resposta foi lenta, e eu entendo que foram os grupos da sociedade civil, inclusive as populações indígenas, que estavam na liderança para tentar descobrir o que aconteceu com eles”, disse.

Fonte: R7

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