Polícia investiga facções que voltaram a ordenar assassinatos de dentro da cadeia

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Fonte: Olhar Direto

A Polícia Civil está investigando um ‘efeito em cadeia’ de facções criminosas que estão ordendo mortes de dentro das penitenciárias do estado. A hipótese surgiu após dois crimes com o mesmo modus operandi, sendo um em Rondonópolis (distante 230km de Cuiabá) e outro na cidade de várzea Grande, no final da tarde de sexta-feira (27).

Ambas as vítimas foram executadas dentro do carro. Todos os assassinatos cometidos por um motociclista, que sempre está de roupas escuras, capacete com viseiras escuras e uma moto de pequeno porte.

O caso de Rondonópolis, que vitimou Rodrigo Rodrigues da Silva, 33 anos, ocorreu em plena luz do dia, quando o homem deixava um supermercado. Ele entra em seu veículo e aguarda para sair com o carro, quando um motociclista passa, atira várias vezes e foge em rumo ignorado.

Esse crime ocorreu por volta de 12h. O assassinato foi flagrado por câmeras de segurança de um supermercado, mas o criminoso ainda não foi identificado.

Passados quatro dias, outra morte, com os mesmos traços. Era 18h de sexta-feira (27), quando Eder Rodrigo da Silva Ferreira, 26 anos, entrava em seu carro, próximo a uma concessionária de veículos na Avenida 31 de Março, no bairro da Manga, em Várzea Grande.

Novamente, um motociclista, com roupas escuras e moto de pequeno porte, passa, saca e atira várias vezes contra Eder, que morre no local.

Ambas as vítimas são presidiários e para a investigação do caso, os homicídios foram mandados por chefe de facções criminosas, tendo em vista que ambos os mortos são ex-presidiários ou possuem envolvimento com tráfico de drogas.

No caso de Eder, por exemplo, os policiais prenderam um rapaz em Sapezal, em 2019, que havia depositado R$ 9 mil em sua conta bancária. Esse preso de Sapezal estava pagando uma carga de entorpecente enviada até a cidade do médio norte de Mato Grosso por Eder.

“A linha de investigação é uma só. Crime de mando. Estamos trabalhando com a inteligência da Polícia Civil para tentar identificar de onde surgiu essas ordens. Sabemos que as facções possuem uma espécie de conselho final. E quem não paga as dívidas do grupo, sofre pagando com a vída. Num período desses, onde o comércio está fechado, os crimes se dificultam, as facções se enfraquecem, porém o movimento não para. Por isso, ao vermos dois homicídios iguais, com peças de envolvimento, notamos que podem ser casos de algum cadeeiro ter mandado a execução”, disse um delegado do Núcleo de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, que prefere não se identificar para não atrapalhar as investigações.

Ainda vale frisar que as facções também possuem uma espécie de tribunal do crime, onde quem desobedecer as ordens do “Comando” passa por uma espécie de castigo e é açoitado por diversos membros que estão do lado de fora dos muros das penitenciárias. A maioria “das vítimas” dessas sessões de espancamentos, sofrem chicotadas de fio de luz, pedaços de madeira e as vezes até tiros na perna, mão ou braço. Tudo depende do nível do castigo.

Todos os casos estão sendo acompanhados, além do Núcleo, pelas Delegacias de Homicídios de Rondonópolis e Cuiabá, que colheram detalhes das cenas do crime para ajudar na elucidação dos assassinatos.

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