Fonte: Olhar Direto
As queimadas que assolam o Pantanal mato-grossense foram causadas, em sua maioria, por apenas nove focos de calor, que depois se espalharam pelo bioma rapidamente, durante o período proibitivo. O dado foi analisado e divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), por meio de uma nota técnica.
O Pantanal foi o bioma mais afetado proporcionalmente entre o mês de janeiro e o dia 17 de agosto de 2020. Segundo a nota, que é assinada por Vinícius Silgueiro, Ana Paula Valdiones e Paula Bernasconi e que passou pela revisão de Douglas Morton, do Goddard Space Flight Center da NASA, neste período proibitivo, decretado no dia 1º de julho e que segue até 30 de setembro, o fogo causado por estes nove focos impactou 324 mil hectares no Pantanal, maior parte da área total atingida por incêndios no bioma no período de quase 50 dias.
Estes 324 mil hectares correspondem a quase 68% de todos os focos de calor do período proibitivo no Pantanal. Os dados obtidos para a confecção da nota técnica são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e compilados pelo Monitor de Queimadas, plataforma de monitoramento lançada em julho pelo ICV.
“A partir da metodologia implementada, que combina os dados dos focos de calor e a interpretação de sequência de imagens de satélite, identificamos que apenas nove pontos iniciais de incêndio foram responsáveis pela destruição de cerca de 324 mil hectares, ou 67,5% da área total queimada no bioma nesse período”, relata a nota.
Segundo Vinícius Silgueiro, a análise de origem mostra que um número pequeno de incêndios pode resultar em uma grande área atingida, disseminação causada pelas condições climáticas e pela dificuldade no combate ao fogo. “O que também acabou levando a um número elevado de focos de calor no período”, afirma.
Dos nove, cinco pontos de calor estão em imóveis cadastrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), três em áreas não cadastradas e um na Terra Indígena Perigara, a TI proporcionalmente mais impactada em todo o estado, com 75% do território atingido. No dia 17 de agosto, sete das nove áreas de incêndios ainda estavam ativas.